PF apreende R$ 1,5 milhão em jatinho alugado por “Rei do Lixo”

13 de Dezembro 2024 - 17h01

A apreensão de cerca de R$ 1,5 milhão em espécie dentro de uma aeronave que fez o percurso Salvador-Brasília tem ajudado a Polícia Federal (PF) a desvendar um esquema de pagamento de propina envolvendo empresários e agentes públicos.

O dinheiro apreendido no dia 3 de dezembro norteou a operação Overclean, na terça-feira (10).

A ação, realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), contou com a cooperação da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Security Investigations).

De acordo com os investigadores, o grupo criminoso movimentou R$ 1,4 bilhão e se dedicava a desviar verbas públicas de contratos de engenharia, inclusive por meio de emendas parlamentares.

Ao todo foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e 17 de prisão preventiva. Entre os presos está a empresário José Marcos Moura, conhecido na capital baiana como “Rei do Lixo”.

Segundo a PF, o voo em que foi apreendido o dinheiro foi “organizado” por ele – apontado como líder da organização criminosa. A aeronave de pequeno porte está em nome de uma empresa de táxi aéreo. A defesa dos investigados ainda não se manifestou.

Além dos R$ 1,5 milhão em espécie, os policiais federais também encontraram no avião uma planilha.

“[Documento] contendo relação de contratos e valores, com menção a ‘MM’ (possível referência a MARCOS MOURA), totalizando mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e Amapá”, diz trecho de decisão judicial que embasou a operação.

O juiz responsável pelo caso, Fábio Moreira Ramiro, explica no despacho que as apurações da operação Overclean tiveram origem em investigações da CGU a respeito de um pregão eletrônico realizado pela Coordenação Estadual do Dnocs em 2021.

“A atuação do grupo era estruturada em operadores centrais e regionais que cooptavam servidores públicos para obter vantagens ilícitas, tanto no direcionamento quanto na execução de contratos. Após a celebração dos contratos fraudulentos, as empresas envolvidas superfaturavam valores e aplicavam sobrepreços, repassando propinas por meio de empresas de fachada ou métodos que ocultavam a origem dos recursos”, informa a CGU.

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