Análise tática: ABC terá grande desafio contra futebol ofensivo do Paysandu

Por Marcus Arboés

Que essa série C vai ser difícil para o ABC, nós já sabemos. O adversário de logo mais, Paysandu, é um dos times mais perigosos da competição e candidato a conseguir o acesso. Entenda, a seguir, como joga ofensivamente o oponente do alvinegro, em jogo que será transmitido pela 96fm!

O Paysandu de Márcio Fernandes veio de um bom estadual, onde só perdeu duas partidas (no ano inteiro, inclusive, foram só essas), sendo uma nas finais contra o Remo. O time não foi campeão, mas tem uma identidade de jogo consolidada, da qual falaremos adiante. O sistema inicial é um 4-2-3-1, com dois volantes na base do meio campo, um meia centralizado e dois pontas abertos.

No primeiro jogo, o Papão venceu o Atlético Cearense por 5 a 0, com boas estreias do zagueiro Lucas Costa, do volante Wesley e do ponta esquerda Alessandro Vinícius. A ideia de jogo do time é "atrair a marcação para atacar os espaços" com liberdade de movimentação para os jogadores.

Como o Paysandu se defende?

Quando o adversário tem a bola, o time pressiona em cima, com uma marcação por encaixes. Como funciona? Cada jogador ocupa um espaço de acordo com sua posição, mas quando um oponente entra nesse espaço, o jogador faz uma marcação individual, homem a homem. Com isso, o centroavante Marcelo Toscano dá o primeiro bote. Isso pode dificultar a saída de bola do ABC, porque faz uma saída de bola com poucos jogadores. Porém, se explorar bem os passes longos de Richardson, Varão e Felipinho, pode encontrar Kelvin ou Fábio Lima nas costas expostas do adversário.

O time paraense defende quase sempre em bloco alto, mas quando é obrigado a descer suas linhas, se posta num 4-4-2. O time fica bem compacto, deixando as laterais abertas. Quando o adversário cai por um lado, o ponta "duplica" a marcação junto do lateral e dificulta a criação de jogadas. Só que o ABC joga sempre com dois jogadores bem abertos. Se conseguir inverter bem a bola para o outro lado, e rápido, o time de Marchiori pode encontrar espaços para os jogadores que estão abertos.

A marcação é sempre por encaixes, como dito lá em cima. O tipo de ataque praticado do ABC, pode ser prejudicado por esse tipo de marcação mais individual, pois a ideia do ataque posicional é trocar passes mais "de lado" para atrair o adversário para um lado do campo. Na prática, o América já se deu bem e se deu mal defendendo assim contra o ABC, por exemplo. Tudo depende dos jogadores.

Como o Paysandu ataca?

Como eu disse antes, o time exige muita movimentação. Sempre tenta roubar a bola em cima para pegar o time adversário desorganizado. Quando consegue um contra-ataque, vai rápido ao ataque e com poucos jogadores, então depende muito da movimentação por dentro, com o centroavante Marcelo Toscano saíndo da área para atrair a marcação. Nisso, como visto na imagem, os pontas e o meia José Aldo atacam os espaços. Nessa hora, o passe ou vai em profundidade para eles ou vai para Marcelo, que geralmente procura a finalização a longa distância. Como a defesa do ABC é bem numerosa, já ajuda a anular esse tipo de ataque.

Pelos lados, sempre tem um elemento surpresa!

A maior preocupação para o ABC, além da boa bola parada, é quando o time chega pelos lados com mais jogadores. A jogada lateral sempre tem um elemento surpresa. Como o ABC defende com 5 na linha defensiva, não vai ter o grande problema que o Atlético Cearense teve, ao defender sempre com 4, mas precisa se preocupar.

Pela esquerda, José Aldo se aproxima do ala e do ponta para fazer uma triangulalão. Geralmente o lateral Patrick Brey ataca o espaço na linha de fundo, mas pode ser só uma distração. Além do centroavante e do ponta direita, o volante Wesley, que é muito bom no jogo aéreo, costuma atacar o espaço na área como elemento surpresa.

Pela direita, José Aldo faz o mesmo, se aproxima dos jogadores daquele lado para triangular. Geralmente, Marcelo Toscano e o ponta esquerda atraem a marcação e o lateral esquerdo, Patrick, é quem aparece como um elemento surpresa na outra ponta.