Por Edmo Sinedino
No Dia Nacional do Futebol, não tem como não recordar historinhas que vivi e ouvi no futebol.
O senhor joga de quê?
1978. Potyguar de Currais Novos x Força e Luz. Minha primeira partida entre os profissionais. Chegamos no sábado na Terra da Xelita por volta das dez horas da noite. Dificuldades de clube sem dinheiro. Um hotel-pousada. Enquanto se definia quem ficava com quem nos quartos, um senhor idoso chega para o nosso goleiro. O impagável Bastos, o homem que um dia, em 1973, jogou de peruca nun clássico no JL contra o ABC.
O homem para ele, curioso - moço, você joga de quê? E Bastos, sério - jogo de calção, meião, camisa e chuteira.
O homem insiste - não, não, estou perguntando a posição.
E o goleiro sem perder a pose - jogo em pé. A turma ao redor caiu na risada.
O senhor, percebendo a brincadeira, se irritou profundamente, ameaçou expulsar todo mundo do hotel. Ele, simplesmente, era o dono.
Ranilson Cristino teve que conversar muito, pedir desculpas e convencê-lo a perdoar. Claro, dando uma dura no brincalhão.
Danilo marcando Garrincha (na foto aparecem Oldair, Maranhão, que jogou em Natal, e outros, além de Danilo, mais ao fundo)
Essa história foi contada por Menezes, claro, vou reduzí-la aqui, e muito. Rendeu laudas, quase uma página inteira quando narrei a primeira vez em matéria especial para O Poti/Diário de Natal, na época.
Botafogo x Vasco, clássico, Mané Garrincha no auge. O combinado era ele marcar Garricnha também. Ajudando Oldair, lateral, Danilo de ponta esquerda. O gringo só sabia da fama, naquele tempo não tinha essa história de estudar o adversário.
E me disse que o viu pela primeira vez no campo. E até pensou tripudiando: "pô, o cara é aleijado, como vou levar drible dele?
Primeira bola. Foi de vez, Garrincha gingou para o lado, saiu pelo outro, o deixou sem pai e mãe, deu um "arrodeio" em Oldair e cruzou na cabeça do companheiro. Botafogo 1 x 0 Vasco.
Bola do lado. Garrincha de novo, Menezes conta que foi cercando, chegando, quando deu o carrinho, Mané já estava longe, ele escorregando e sujando o calção no cal da marcação saindo pela lateral com um arranhão na coxa.
Com Oldair acontecia a mesma coisa. Baile, dia de festa no Maraca, o "Anjo das Pernas Tortas" acabando com a defesa do Vasco; dançavam Danilo, Oldair e Fontana, que o tentava parar na porrada.
Danilo tem uma ideia e chama Oldair. E combina: vamos chegar igual, eu vou dar o bote pelo lado direito dele e você pelo esquerdo, se a gente não conseguir tomar a bola faz a falta e cai por cima dele, tiramos ele do jogo. Esse cara tá fazendo a gente de palhaço - se queixou. Oldair concordou.
Lá vem o homem com a bola, já vem dançando sobre a pelota e a torcida gritando seu nome. Aquela altura já estava 3 a 1 para o Bota, diz.
Danilo olha para o colega infeliz. Combina com um sinal, e partem os dois. O nosso gringo diz que fechou o olhos e danou-se por cima de Garrincha, caiu agarrado. Abriu os olhos com o barulho e sorrisos da torcida. Garrincha já estava na linha de fundo e ele no chão por cima de Oldair, os dois servindo de chacota para a galera da geral do Maraca.
Disse que ficou tão p. da vida que olhou para o companheiro e disse: - tu é lateral, tu que marque ele, eu não chego nem perto mais.
E foi assim.
Esse texto levou o título: " O dia que Danilo virou João". João era o nome que Manoel dos Santos dava a todos os seus marcadores.
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