Ministro revela que já sabia da infiltração do crime organizado nas eleições do RN desde a fuga em Mossoró
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, revelou que já tinha conhecimento da influência do crime organizado na política potiguar desde as fugas de Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, conhecidos como Tatu e Martelo, da penitenciária federal em Mossoró, em fevereiro deste ano. A declaração foi dada em entrevista do programa "Bom Dia, Ministro", que teve a participação da 96 FM por meio do repórter Jr Lins - veja no link acima:
"Quando estivemos no Rio Grande do Norte, em Mossoró, na época da fuga dos dois criminosos do presídio de segurança máxima, as autoridades locais já estavam demonstrando e repassaram uma preocupação no sentido da infiltração do crime organizado nas eleições locais e municipais, lançando candidatos a vereadores e prefeitos, em cidades onde isso jamais ocorreu. Isso, claro, é orquestrado de fora", comentou o ministro.
O "conhecimento" do ministro vai de encontro as falas das autoridades locais, visto que o assassinato do prefeito Marcelo Oliveira, em João Dias, pegou de surpresa as policiais civil e militar, que se apressaram em dizer que a região não era considerada violenta e não havia registro de solicitação de reforço no policiamento. Além disso, no início da disputa eleitoral, a Justiça e o Ministério Público Eleitoral admitiram que precisavam de informações de orgãos de controle e combate ao crime organizado para saber exatamente onde precisariam buscar ações conjuntas para evitar crimes dessa forma.
De qualquer forma, conforme o ministro da Justiça, há uma averiguação mais cautelosa por parte da pasta e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), junto com os tribunais regionais eleitoral (TREs), para identificar candidatos que tenham envolvimento com atos ilícitos. Lewandowski relatou que já houve casos de candidatos impedidos de disputar o pleito deste domingo (6), após um "pente-fino".
"Tanto a Justiça Eleitoral, quanto o Ministério da Justiça, por intermédio da Polícia Federal, estão muito atentos. Estamos passando um pente-fino na vida pregressa de todos os candidatos e vamos identificar aqueles que, eventualmente, não podem se candidatar. Muitos já foram barrados por esse motivo e outros serão. E, se forem eleitos, não tomaram posse ou serão cassados", informou.
No Rio Grande do Norte, os prefeitos de São José do Campestre e de João Dias, Neném Borges e Marcelo Oliveira, foram assassinados, sendo um deles já durante o período eleitoral. Recentemente, o TRE recebeu registros de que há tentativas do crime organizado de infiltrar candidatos nas eleições municipais. As facções estariam financiando as candidaturas como forma de estar por dentro da máquina pública.
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