Novo treinador do América muda o perfil, mas mantém estilo de jogo. Confira análise!

28 de Abril 2022 - 14h53

Por Marcus Arboés

O América anunciou, recentemente, que Leandro Sena voltará a ser o auxiliar e o comandante do time será Edson Vieira, que tem passagens com acessos pelo interior de São Paulo. De acordo com Edson Fassina, Gerente de Futebol do América, no Jogo Rápido de quarta (27), a mudança ocorreu para ter um perfil de treinador que "coloque mais fogo no vestiário".

As vezes, mudar o perfil psicológico do treinador é importantíssimo, mas somado a uma grande quebra no estilo de jogo, pode prejudicar o time. Vamos entender então o que muda com a chegada de Edson Vieira!

Foto: Fábio Rogério

O estilo de jogo muda?

Quando você tem uma mudança de treinador com um elenco já formado, trabalhando junto e jogadores recentemente contratados para jogar naquele modelo, trazer um técnico que pense futebol muito diferente do anterior, pode ser um problema. Por isso, é importante ver que, nos bons e ruins trabalhos, os times de Edson Vieira tinham estilo parecido com o de Leandro Sena no América.

Com Sena, o América geralmente era escalado num 4-3-3, dependendo das funções dos jogadores. Geralmente, tinha um volante de marcação na base e na saída do time (Allef, Juninho, Bebeto ou Maycon Lucas) e dois jogadores de meio mais avançados. Esses jogadores poderiam ser um meia de passes longos (Téssio), volantes de infiltração e mobilidade (Araújo, Allef) ou meias armadores de aproximação, habilidosos (Felipinho, Elvinho). Os pontas variavam bastante, dependendo sempre das opções e dos adversários.

No último trabalho, Edson Vieira tinha um time tecnicamente muito abaixo, mas observando tanto o São José, quanto o São Bento, tinham ideias sendo bem trabalhadas. Os times também se armavam num 4-3-3, tendo um "triângulo" no meio e, assim como o América de Sena, o ataque do time é mais aproximado, os jogadores jogam mais próximos uns dos outros no setor onde a bola tá, para atrair a marcação e usar os espaços.

Já a defesa, é bem parecida. Uma marcação mais individual, onde o marcador persegue pressionando o adversário que está no seu setor, geralmente desenhado num 4-4-2. Se vai marcar mais em cima, mais fechado, depende do adversário e da circunstância do jogo e até da própria equipe. O São José defendia em bloco baixo mais vezes. O São Bento, pressionava mais a saída de bola.

As diferenças que mais notei:

. o time de Sena criava mais espaços pelo meio, enquanto São Bento e São José tendiam a levar o jogo mais para o lado do campo e usar os jogadores abertos para atacar em velocidade.
. os times de Edson tentavam um jogo mais direto, ou seja, passes longos, geralmente por cima, tentando atacar o espaço nas costas da defesa.
. São Bento e São José não usava muito aquele meia de aproximação, que carrega a bola e arma o time

Quais jogadores podem se dar melhor nesse estilo de jogo?

Edson Fassina deu indícios de que gosta de dar muita liberdade pros jogadores tentarem jogadas individuais. Além disso, como eu já disse, o jogo de aproximação, exige atletas de movimentação, que saibam usar os espaços criados.

. Todos os "primeiros volantes". Precisam ter boa saída e ocupar bem os espaços, Bebeto, Juninho, Maycon Lucas atendem bem a esse requisito.
. Araújo e Allef. Ajudam defensivamente, participam da construção e são muito bons nas infiltrações e no jogo apoiado.
. Téssio. O treinador parece preferir um meia de passes longos do que armadores que carregam mais a bola.
. William Marcílio. Nos dois times que observei, os pontas direita eram mais criativos e habilidosos do que jogadores de velocidade e profundidade.
. Jean Pierre e Lucas Rex. Se você quer pressionar alto, precisa de zagueiros rápidos que defendam bem os espaços.
. Wallace Pernambucano. O centroavante dele precisa tanto ser bom no jogo físico quanto na movimentação.

Foi uma boa decisão do América?

Por mim, podia manter Leandro Sena, mas se lá dentro se observava que o perfil de personalidade precisava mudar, eles pensaram numa opção cujo estilo de jogo favorece bons jogadores do time e não muda tanto o estilo de jogo, então não é um tiro no escuro, como a torcida temia.

Os problemas anteriores que teve no São José não refletem nessa nova página na carreira dele. Todo treinador erra, acerta, tem um bom trabalho e um trabalho ruim. Os números negativos e positivos servem muito mais para "currículo" e para torcedor ficar fazendo comparação. Na prática, o que importa é o dia a dia e como o treinador adequa suas ideias ao time.

Mais uma vez, só dá para concluir com o tempo, deixando Edson Vieira trabalhar. Como é uma mudança de perfil, vamos ver se era do fogo no vestiário que esse time tava precisando mesmo.

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