Uma análise feita com dados consolidados de seis bases de dados internacionais sobre temperaturas globais mostrou que 2021 foi um dos anos mais quentes da história.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o ano passado está entre os sete mais quentes já registrados na história.
O grupo dos sete anos mais quentes inclui todos os anos desde 2015. Entre eles, o ano de 2016 lidera o ranking de temperatura global, seguido de 2019 e 2020.
A agência da ONU (Organização das Nações Unidas) especializada em meteorologia pontua que as temperaturas médias globais foram temporariamente resfriadas, entre 2020 e 2022, pelo fenômeno La Niña.
O La Niña é o nome dado aos efeitos do resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, que altera a dinâmica de circulação na atmosfera e colabora, por exemplo, com o resfriamento da temperatura média global.
No Brasil, um dos efeitos derivados do La Niña são as chuvas que foram vistas no início do ano, que deixaram ao menos 59 mortos em 10 estados brasileiros.
“Eventos consecutivos de La Niña significam que o aquecimento de 2021 foi relativamente menos pronunciado em comparação com os últimos anos. Mesmo assim, 2021 ainda foi mais quente do que os outros anos influenciados pelo La Niña”, declara o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
“O aquecimento generalizado de longo prazo como resultado do aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera é agora muito mais relevante do que as variações anuais nas temperaturas médias globais causadas por fatores naturais do clima”, complementa.
Os dados levantados pela agência ao longo dos anos mostram que desde os anos 1980, o planeta fica mais quente a cada década, e a expectativa é que a tendência se prolongue.
O ano de 2021 será lembrado por temperaturas que quebraram recordes de quase 50°C no Canadá, comparáveis aos valores registrados no deserto da Argélia, chuvas excepcionais e enchentes mortais na Ásia e na Europa, além da seca em partes da África e da América do Sul. Os impactos das mudanças climáticas e perigos relacionados à temperatura tiveram efeitos devastadores em comunidades de todos os continentes.
Petteri Taalas, secretário-geral da OMM
O ano de 2021 também foi marcado pela Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 26, que ocorreu em Glasgow. No evento, foram discutidas medidas para retardar e atenuar os efeitos das ações da humanidade no clima e no meio ambiente, que podem colocar em perigo a perpetuidade da vida na Terra.
Um dos pontos mais discutidos no evento foi a dependência dos combustíveis fósseis, como o petróleo, que sabidamente são responsáveis por emissões massivas de gases do efeito estufa. As decisões, no entanto, não foram tão incisivas quanto o exigido para o nível de alerta climático, na avaliação de especialistas.
O Acordo de Paris é um dos principais tratados que regem a ação internacional no combate às mudanças climáticas. Nele, foi determinado que a temperatura média global deve se manter a 2°C abaixo dos níveis pré-industriais, buscando sempre mantê-la abaixo de 1,5°C. O ano de 2021 registrou uma temperatura média de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, um número mais próximo do que o desejável da meta final.
A OMM destaca que a temperatura é apenas um dos indicativos aos quais deve-se prestar atenção quando se fala em crise climática. A concentração de gases do efeito estufa, a temperatura e pH das águas oceânicas, os níveis oceânicos globais e a massa glacial são alguns outros exemplos.
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