A Polícia Civil localizou um galpão, na manhã desta quinta-feira (3/10), usado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para montar aviões, chamados de “Frankenstein”, em um sítio na cidade de Monte Verde, no interior paulista. A notícia é do Metrópoles.
No local, segundo fontes policiais que acompanham o caso, havia peças de aeronaves e carcaças, usadas para a montagem de aviões, posteriormente utilizados ilegalmente pela maior facção do Brasil para transportar drogas.
Os itens localizados e apreendidos em Monte Verde estavam guardados sem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O local foi identificado durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, expedido pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da capital paulista, decorrente de investigação do 30º Distrito Policial (Tatuapé).
Frankenstein é nome do livro escrito por Mary Shelley, no qual conta a história do estudante de ciências naturais Victor Frankenstein que, com partes de corpos mortos, cria o monstro, cuja criação, inspirou o “batismo” das aeronaves do PCC.
Avião de pedreiro
A delegacia da zona leste paulistana instaurou um inquérito policial, em 5 de abril do ano passado, para apurar a lavagem de dinheiro do PCC, decorrente do tráfico de drogas, principal atividade que rende bilhões por ano à facção criminosa.
Durante a investigação, a Polícia Civil constatou que algumas das empresas de fachada contavam com aviões, usados pelo tráfico.
No Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, policiais localizaram um avião, em agosto deste ano, registrado no nome de um pedreiro, usado como laranja pela facção.
O Metrópoles apurou na ocasião que a aeronave Embraer EMB-110P1, de prefixo PT-OCW, ficou registrada durante um período no nome de uma empresa cujo proprietário era uma pessoa humilde, que trabalhava em obras, e “sem capacidade financeira”.
A investigação, que segue em sigilo, mostra que o registro da aeronave foi posteriormente transferida do pedreiro “laranja” para o nome do piloto Pablito Baena Castilho Aviation, que já foi alvo de busca e apreensão na Operação Terra Fértil, da Polícia Federal (PF), em 2 de julho.
Frota aérea do crime
Investigações conduzidas pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e pela PF revelam detalhes dos investimentos e da operação do PCC com uma frota própria de aviões usada para transportar drogas pelo país.
Como relevado pelo Metrópoles, a aquisição das aeronaves, chamadas de “Asa” ou “Chapeco” pelos integrantes da facção criminosa, consta em uma tabela de gastos apreendida pelo MPSP com Odair Lopes Mazzi Júnior, o Dezinho, de 42 anos, um dos chefões do PCC, preso em julho do ano passado, em um condomínio de luxo de Pernambuco.
Os registros mostram, por exemplo, que o PCC gastou, em dólares, o equivalente a R$ 2,6 milhões na compra de dois aviões em 2018, para serem usados no transporte de cocaína, a droga mais vendida e lucrativa, que possibilitou a internacionalização dos negócios ilícitos da facção, sobretudo na Europa.
Além da compra dos aviões, as tabelas apreendidas pelo MPSP com Dezinho indicam que, em pouco mais de um ano, o PCC gastou US$ 925,8 mil (R$ 4,4 milhões) com manutenção de aeronaves.
Como a atuação do PCC é capilarizada em todo o país, ainda não é possível estimar o tamanho atual da frota aérea da facção. Em uma única operação realizada em 2021, a PF apreendeu oito aviões da organização.
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