Oferecimento:

Logo 96FM

som+conteúdo

Banner_1366x244px.gif

Cidades

Diabetes causa mais de 2,5 mil amputações no RN e acende alerta

imagem.jpg

Perder um membro do corpo por causa de uma doença que pode ser controlada é a realidade de mais de 2,5 mil potiguares que sofreram amputações nos últimos três anos devido às complicações do diabetes. Os dados, divulgados pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do RN (SBEM-RN), reforçam a importância do cuidado e do diagnóstico precoce — tema central do Dia Mundial do Diabetes, lembrado nesta sexta-feira (14). As informações são da Tribuna do Norte. 

Conhecida como uma “doença silenciosa”, a condição atinge mais de 16 milhões de brasileiros, cerca de 7% da população, segundo o Atlas Global do Diabetes. Em Natal, 11,8% dos adultos têm diagnóstico de diabetes, colocando a capital com a maior taxa do Nordeste e a quarta do país, atrás apenas do Distrito Federal (12,1%), São Paulo (12,1%) e Porto Alegre (12%), de acordo com o Vigitel 2023.

Para a endocrinologista Anna Karina Medeiros, presidente da SBEM-RN, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações graves, já que o excesso de glicose no sangue danifica órgãos e tecidos ao longo dos anos. “A glicose alta é como um veneno no organismo. Ela danifica os rins, os olhos, os nervos e os vasos sanguíneos. Quem se cuida vive bem; quem não se cuida, sofre as consequências”, afirma.

O impacto da falta de controle aparece nos números do RN: entre novembro de 2022 e outubro de 2025, foram registradas 2.509 amputações, sendo 1.168 de dedo, 928 de membros inferiores, 408 de pé e tarso, e 5 de mão e punho, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN).

A médica explica que esses casos são o desfecho de anos de falta de acompanhamento. “Para acontecer uma amputação, o paciente já tem de 10 a 20 anos de descontrole glicêmico. Hoje, existem procedimentos que poderiam evitar amputações, mas a fila no sistema público chega a dez anos”, informa.

A especialista reforça ainda que há pacientes que morrem por infecção generalizada devido ao atraso na amputação. “Em situações graves, quando há necrose avançada do membro inferior, a amputação é a única solução para evitar a morte do paciente com diabetes. E até para realizar amputações, existe fila no nosso estado”, alerta.

A IDF estima que, em 2024, a doença causou 3,4 milhões de mortes no mundo — uma a cada seis segundos. No Brasil, foram 111 mil óbitos, e o país figura como o terceiro que mais gasta com a doença: mais de 45 bilhões de dólares (R$ 239 bilhões na cotação atual) em tratamentos e sequelas.

A médica alerta que o diabetes tipo 2, responsável por cerca de 90% dos casos, está fortemente ligado ao excesso de peso e ao sedentarismo. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde mostram que, em 2024, 74,2% da população adulta do RN estava acima do peso.

O diagnóstico pode ser feito de forma simples, com exames de sangue disponíveis na rede pública. “A glicose de jejum é suficiente para detectar o problema. É um exame barato e acessível”, explica a endocrinologista.

No SUS, o tratamento inclui medicamentos como metformina, glibenclamida e insulina. Mas nem todas as opções são ideais. “A glibenclamida é uma medicação ruim, que pode causar hipoglicemia, principalmente em idosos. Há anos pedimos sua retirada da Farmácia Popular”, critica.

Para iniciar o acompanhamento, a recomendação é procurar o clínico-geral na Unidade Básica de Saúde, que pode solicitar exames e começar o tratamento antes do encaminhamento ao especialista. 

Para quem já tem diagnóstico, a mensagem é clara: “Não existe chá ou receita da internet que cure o diabetes. O tratamento requer cuidados diários e medicamento de acordo com as orientações de cada médico e nutricionista”, conclui Anna Karina.

 

Deixe o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado