O Brasil deixou de ser Brasil. O que era ousadia, virou covardia. A improvisação, hoje é previsível. Os ídolos estão sumindo e as referências são do exterior. Não é delírio, é realidade. Nosso futebol virou comum. Somos um país qualquer da América do Sul. Nossa história, que é ignorada pelo seu próprio povo, fica em um passado cada vez mais distante.
Neymar foi o último dos moicanos. Infelizmente para o futebol, mas aparentemente felizmente para ele, optou por virar popstar, em uma época de redes sociais. Além disso, nasceu em um período sem outros companheiros que correspondessem sua habilidade e fizessem companhia em campo. Junto de Messi e Suárez, no Barcelona, e Ganso e outro qualquer, no Santos, vimos o que era capaz.
Vinicius Júnior é o melhor jogador do mundo na atualidade, mas joga em uma geração ainda pior do que a dos tempos de Neymar. Fora de posição e, nitidamente, incapaz, psicologicamente, de reproduzir com a amarelinha o que faz pelo Real Madrid, vê sua Bola de Ouro, para mim incontestável, se distanciar pelas suas exibições pela Seleção e dá munição aos que são contrários ao seu troféu.
O mesmo serve para Rodrygo. Vai ser um eterno coadjuvante enquanto não se impor mais em campo e fora dele. Nesse mundo midiático, dificilmente um Rivaldo ganharia uma prêmio de melhor do mundo. E olhe que falo dos nossos dois melhores e mais prontos valores, recém-campeões da Champions pela segunda vez.
A gourmetização do futebol cobrou caro. A meninada quer jogar no Real, no Barcelona, no PSG e no City. O Brasil virou tanto faz. Se der, tudo bem. Se não der, os milhões e a fama estão garantidos. Prova disso é a quantidade de jovens promessas sendo negociadas com o 'Arabão'. O comércio que virou o futebol criou uma lógica: o jogador não sonha mais em ser ídolo de um clube no Brasil e o clube brasileiro não precisa mais que a promessa vire seu ídolo. Ambos lucrando, é o que vale. Não sei quantos jogadores jovens repetiriam o que fez Neymar em 2011, quando negou o Chelsea. No mesmo ano, venceu a Libertadores pelo Santos.
Até tem um suspiro de esperança com Estêvão. O medo é do futuro. Já está negociado com um clube que queimou 90% das promessas que contratou. Infelizmente, ninguém da parte do atacante se atentou a algo que não fosse dinheiro no momento da negociação. Não há projeto de carreira do Chelsea. Há empréstimos para um fraco time francês e negociações para ligas estranhas.
Da forma que estamos, perder para o Paraguai vai ser mais comum do que se imagina. Vamos, vagarosamente, deixando de ser potência. Não vejo solução local, no tocante a um técnico, que resolva esse problema. Até nisso pecamos. Só produzimos treinadores sem pulso e personalidade. Portugal, com uma liga bem mais fraca que a nossa, tem nos dado um baile quanto ao surgimento de técnicos. Acredito, inclusive, que a nossa salvação venha de lá: Jorge Jesus. Só Jesus para tirar o Brasil dessa lama. Ele não é brasileiro, mas entende muito mais do nosso futebol do que os que aqui estão. Quem diria? Só um portugês para fazer o Brasil voltar a ser Brasil.
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