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Política

Alckmin envia carta ao governo Trump e expõe “indignação” por tarifas

Geraldo Alckmin | FotoSamuel Reisq/Metrópoles
TUDO SOBRE assassinado do ex-prefeito.gif

O governo brasileiro comunicou, nesta quarta-feira (16), que já enviou uma carta à Casa Branca cobrando respostas para avançar nas negociações com os norte-americanos no âmbito da imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras. A notícia é da repórter Mariana Andrade, do Metrópoles.

A carta, enviada nessa terça-feira (15), foi assinada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O texto é endereçado ao secretário de Comercio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer.

A mensagem do governo brasileiro é dividida em cinco termos.

“Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira”, diz trecho do texto.

O governo brasileiro reforçou que “permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”.

Reuniões com setores

Durante essa terça-feira, a cúpula do Planalto se reuniu com representantes dos setores da indústria e do agronegócio para buscar soluções ao tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump contra as exportações brasileiras.

Ao fim da roda de conversas, ficou decidido que a ideia não é pedir que o prazo seja estendido, mas procurar reverter a sanção comercial até 31 de julho. Para isso, Alckmin conta com a ajuda dos setores na interlocução com os parceiros nos EUA.

Brasil é principal alvo do tarifaço

Desde o início da semana passada, os EUA têm notificado oficialmente os países sobre a implementação de tarifas unilaterais na importação de produtos e bens. Até o momento, 24 países e a União Europeia foram taxados.

O Brasil foi o maior prejudicado pela sanção comercial de Trump, com uma tarifa de 50%. Em resposta, o governo brasileiro defendeu a soberania nacional e se mostrou aberto para negociar com os norte-americanos.

Lei de Reciprocidade Econômica

- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica.

- O texto estabelece critérios para suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual, em resposta a medidas unilaterais adotadas por países ou blocos econômicos que impactem o Brasil.

- O decreto também formaliza a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, responsável por deliberar sobre a aplicação de contramedidas provisórias e acompanhar as negociações sobre as medidas unilaterais impostas contra o país.

- Integram o comitê os ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que o presidirá, da Casa Civil da Presidência, da Fazenda e das Relações Exteriores.

Com o tarifaço, diversos setores produtivos podem ser afetados, com destaque para agricultura e indústria de produção. De acordo com dados oficiais, cerca de 12% das exportações brasileiras têm como destino o mercado norte-americano.

Entre os principais produtos exportados para os EUA estão: óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja, carne bovina, aeronaves e máquinas para o setor de energia.

Caso os países não cheguem a um acordo até 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descartou a possibilidade de aplicar o princípio da reciprocidade, previsto na Lei de Reciprocidade Econômica.

Confira a lista dos afetados pelo tarifaço:

  1. Brasil: 50%
  2. Laos: 40%
  3. Myanmar: 40%
  4. Camboja: 36%
  5. Tailândia: 36%
  6. Bangladesh: 35%
  7. Canadá: 35%
  8. Sérvia: 35%
  9. Indonésia: 32%
  10. África do Sul: 30%
  11. Argélia: 30%
  12. Bósnia e Herzegovina: 30%
  13. Iraque: 30%
  14. Líbia: 30%
  15. México: 30%
  16. União Europeia: 30%
  17. Sri Lanka: 30%
  18. Brunei: 25%
  19. Cazaquistão: 25%
  20. Coreia do Sul: 25%
  21. Japão: 25%
  22. Malásia: 25%
  23. Moldávia: 25%
  24. Tunísia: 25%
  25. Filipinas: 20%

*Todas as tarifas entram em vigor a partir de 1º de agosto.

Leia a carta de Alckmin na íntegra:

“No contexto do anúncio por parte do Governo norte-americano da imposição de tarifas contra exportações de produtos brasileiros para os EUA, o Vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram ontem, dia 15 de julho, carta ao Secretário de Comercio dos EUA Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, nos seguintes termos:

1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.

2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.

3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.

4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.

5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.”

 

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