A inadimplência entre os beneficiários do Fies chegou a 61,5% em abril deste ano, o maior índice já registrado, segundo o Ministério da Educação (MEC). Em um universo de 2 milhões de contratos, o número representa um alerta para a sustentabilidade do financiamento estudantil federal, que já soma R$ 116 bilhões em dívidas a serem quitadas com a União.
Além disso, a atratividade do programa despencou: em 2018, 82% das vagas ofertadas foram preenchidas; em 2023, o índice caiu para apenas 39%. Desde 2015, o Fies passou por uma série de restrições que reduziram as vagas e aumentaram a exigência de coparticipação do aluno, o que afastou muitos candidatos.
O diretor de Políticas e Programas de Educação Superior do MEC, Adilson de Carvalho, reconhece que as reformas foram duras e podem ter ido além do necessário. “Talvez tenhamos errado na mão”, afirmou durante o Congresso Brasileiro de Educação Superior Privada (CBESP).
Entre as soluções em estudo estão o modelo de pagamento proporcional à renda — com descontos mensais de 8% a 13% após a formatura — e o incentivo à oferta de auxílios para moradia, alimentação e transporte. O MEC também quer usar o Fies para estimular a formação em áreas com maior demanda no mercado, como licenciaturas e tecnologia.
A pasta analisa ainda a possibilidade de ampliar o financiamento para cursos a distância (EAD), como alternativa diante das novas regras que proíbem o ensino remoto para a graduação em Enfermagem.
Apesar de ações como renegociação de dívidas e o programa Pé-de-Meia, o governo reconhece que há um desafio também de comunicação: muitos jovens estão desmotivados ou desacreditados no ensino superior.
“O estudante hoje precisa de mais do que uma vaga. Ele precisa de estrutura para permanecer e concluir a graduação”, disse Carvalho.