A movimentação em torno da sucessão de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) já começou, e integrantes da cúpula do Judiciário apontam Jorge Messias, chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), como favorito para a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A avaliação é de que o fator determinante é a relação de confiança e proximidade entre Messias e o chefe do Executivo.
Nas duas nomeações anteriores, Lula privilegiou nomes com vínculos pessoais e políticos fortes — Cristiano Zanin, seu ex-advogado, e Flávio Dino, então ministro da Justiça. Segundo ministros do STF ouvidos pela Folha, o presidente deu sinais de que Messias seria o “próximo da fila” ainda na posse de Dino na corte. Caso Lula mantenha esse critério, o atual advogado-geral da União deve ser o escolhido.
O principal adversário nessa disputa é o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem apoio expressivo no Senado e conta com o respaldo de nomes influentes do Supremo, como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Pacheco construiu forte relação com o Judiciário ao longo dos últimos anos, barrou pedidos de impeachment de ministros enquanto presidia o Senado e tem bom trânsito entre magistrados.
Outros nomes, como o ministro do TCU Bruno Dantas, aparecem entre os cotados, mas não figuram entre os favoritos. Há também pressões para que Lula escolha uma mulher, devido à atual sub-representação feminina no STF após a aposentadoria de Rosa Weber. No entanto, aliados do presidente afirmam que essa possibilidade é remota, já que Lula indicou mulheres recentemente para o STJ e o STM.
A definição sobre a vaga deve ocorrer após a viagem de Lula à Itália, na próxima semana. A avaliação entre ministros é de que o presidente não pretende prolongar a escolha, evitando pressões externas. Messias, que concluiu doutorado na UnB em 2024 e tem boa relação com o Judiciário, é visto como um nome discreto, mas alinhado politicamente ao Planalto — característica que pode pesar a seu favor.