Bom, dia desses reapareceu uma “atriz” dos meus filmes no calçadão da Praia do Meio. Fazia muito tempo que eu não a via, afinal, deixei de caminhar no calçadão e agora corro na praia, pés descalços.
E essa 'admiradora' veio de encomenda. Ela é deficiente, coitadinha, uma sofredora.
Anda de cadeira de rodas, ajudada por um rapaz, e toma uma “canjibrina” pesada. Todo dia eu passava antes da 9h e ela já está cheia de “todinho”…
E não tinha dia que, ao me ver, ela não dissesse gritando à minha passagem: “Ô Marinho, Marinho me dá uma moedinha aí”.
Quase nunca levava dinheiro, por isso a despistava e até, no começo, idiota, me chateava com a pobre coitada, vejam só.
Da primeira vez pensei: quem danado é esse Marinho que ela me confunde? Aí lembrei do ídolo Marinho Chagas, era isso.
Quando não bebia apenas sorria, dava com a mão e fazia acenos carinhosos, acabou por conquistar minha simpatia.
Passaram-se já alguns anos e nunca mais a tinha visto. Essa semana passada, quando fui chegando, estacionando o carro perto de Iemanjá, fiquei supreso, era ela, e vi que ela estava na companhia do mesmo rapaz que a ajuda empurrando cadeira.
E ela me olhou, reconheceu, chamou o companheiro e lascou: “´´Óia Chico, tu conhece? É o Marinho Chagas?”
"É não Maguita (fiquei sabendo o nome dela só naquele dia), Marinho já morreu homi, faz tempo, quer matar o rapaz", rebateu ele. Ela olhou para ele, depois para mim, me chamou para mais perto, olhou, olhou, de novo para seu ajudante e sapecou: "Vixe maria, e Marinho morreu, foi?"
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