BBB do crime: motoristas são stalkeados por câmeras clandestinas nas ruas

11 de Janeiro 2024 - 09h46

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga um esquema criminoso sofisticado que monitora o trajeto de qualquer motorista que cruza alguma das rodovias que cortam a capital do país. O “Big Brother do crime” conta com câmeras clandestinas instaladas em pontos estratégicos e registra, durante 24 horas, qualquer pessoa que seja alvo de “encomenda” feita aos gestores dos dispositivos de vigilância.

Após a deflagração da Operação RockYou2023, que desarticulou uma quadrilha envolvida na revenda de dados sigilosos de altas autoridades da República, a 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) passou a apurar outras violações da intimidade e privacidade da população do DF, entre elas, a venda de videomonitoramento de veículos.

Supostas empresas privadas de outros estados instalaram uma rede de câmeras pela cidade e efetivaram o monitoramento privado das rodovias do DF. Essas câmeras contam com leitores de caracteres (OCR) e programação de inteligência artificial, permitindo o reconhecimento de placas veiculares e, portanto, retirando fotos dos trajetos de rotina das pessoas.

As imagens obtidas com esse monitoramento indiscriminado depois seriam vendidas em websites por R$ 150 a consulta. Os anúncios dizem que o serviço seria para colaborar na recuperação de veículos subtraídos, mas o constatado pelos investigadores foi diferente.

Policiais da 9ª DP efetivaram a compra de um desses acessos e realmente conseguiram verificar a rotina de passagens do carro de um dos delegados da unidade. A equipe efetivou um cadastro em nome da figura natalina do Papai Noel, e depois do pagamento via Pix recebeu por e-mail um relatório contendo as imagens de oito passagens do carro em vias do DF.

A facilidade na venda das informações por meio dos websites permite que qualquer um, inclusive criminosos, possam acessar os dados e pesquisar placas e trajetos dos veículos de qualquer pessoa. Pela perspectiva visual das imagens capturadas, a equipe de investigação conseguiu inferir onde algumas das câmeras estariam instaladas e diligenciaram no local.

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