A testagem para casos de varíola dos macacos ainda não ocorre de forma ampla no Brasil, um reflexo do avanço da doença e de como os setores público e privado de saúde se mobilizaram contra o vírus monkeypox, segundo especialistas ouvidos pelo g1.
Embora disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), há gargalos na testagem que vão desde o tempo necessário para desenvolver testes específicos para serem comercializados e que passam até mesmo pela dificuldade em obter reagentes que possibilitariam capacitar mais centros de testagem.
"O diagnóstico hoje é um grande gargalo – ter poucos lugares que fazem, demorar tempo entre a coleta do material e a resposta do diagnóstico para o profissional de saúde, do profissional de saúde para o paciente, isso é ruim", avalia a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Dados de compilados pelo governo federal até terça-feira (9) indicam que o Brasil somava 2.415 casos confirmados da varíola dos macacos (monkeypox) e de 2.963 casos suspeitos ainda à espera de resultado de um teste diagnóstico, segundo o balanço mais recente disponível.
Ao todo, desde o começo do atual surto, 6.986 exames diagnósticos para a doença foram processados nos laboratórios públicos do país. O governo não tem um consolidado dos testes realizados na iniciativa privada, mas os representantes chegam a estimar que foram responsáveis por 60% dos testes já feitos no país.
Para confirmar a doença, o SUS tem oito laboratórios de referência que analisam as amostras coletadas em todo o país. A testagem é restrita e o resultado pode demorar dias para chegar. A virologista Clarissa Damaso, da UFRJ, aponta que a ampliação dos centros de referência deve ser gradual no país para evitar desperdício de material usado nas análises.
G1
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