Chile convoca embaixador do Brasil em protesto contra ataques de Bolsonaro a Boric

29 de Agosto 2022 - 16h39

O Chile convocou nesta segunda-feira o embaixador brasileiro em Santiago para consultas em protesto às declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre seu par chileno, Gabriel Boric, no debate presidencial de domingo. As falas do mandatário brasileiro, que erroneamente acusou Boric de atear fogo em metrôs durante os protestos de outubro de 2019, são "falsas" e "gravíssimas", afirmou a chanceler chilena, Antonia Urrejola, que enviou também uma nota de repúdio.

A notícia é d'O Globo. A fala de Bolsonaro sobre Boric veio no fim do debate, quando o presidente fazia suas considerações finais. Repetindo seus ataques frequentes a líderes de esquerda latino-americanos e tentando associá-los ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente citou o argentino Alberto Fernández, o recém-empossado mandatário colombiano Gustavo Petro e Boric:

— Lula apoio o presidente do Chile também, o mesmo que praticava atos de tacar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo nosso Chile? — afirmou o presidente.

Bolsonaro referia-se às maiores manifestações da História chilena, em outubro de 2019, que começaram com reclamações sobre o aumento do preço do metrô, mas rapidamente ganharam demandas mais amplas. Foi retrato de uma insatisfação com as condições socioeconômicas e com o governo do então presidente direitista Sebastián Piñera, demandando melhorias e reformas amplas, com a convocação de uma nova Constituinte.

Boric, à época, era deputado e atuou como um dos principais mediadores entre os manifestantes e o Legislativo chileno. Ao contrário do que diz o presidente brasileiro, o líder chileno não participou da destruição de patrimônios públicos.

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