Nesta quarta-feira (21), Daniel Alves deu a primeira entrevista, ao jornal espanhol La Vanguardia, desde que foi acusado de estupro por uma jovem de 23 anos, em Barcelona. O jogador está preso há cinco meses e, na declaração, se retrata com a esposa e diz perdoar a vítima.
"Estou com a consciência tranquila. Eu nunca machuquei ninguém intencionalmente. E nem ela naquela noite. Não sei se ela está com a consciência tranquila, se dorme bem à noite. Eu a perdoo, ainda não sei por que ela fez tudo isso, mas eu a perdoo", disse ao jornal.
O jogador também afirma que "não houve uma noite em que não dormisse em paz" no presídio Can Brians 2, na Espanha, onde está encarcerado. Alves acha que alguém deu um "mau conselho" à jovem e que ela não sabe mais "sair da confusão em que se meteu".
O ex lateral-direito também contrapôs a alegação da vítima de que ele não a deixou sair do banheiro da casa noturna Sutton: "Ela nunca me disse para parar. Ela também não fez nenhum gesto de querer ir embora. A porta ficava aberta o tempo todo, ela poderia ter saído".
Uma peça-chave para a prisão de Daniel foram as marcas no joelho da jovem, avaliadas no Hospital Clinic de Barcelona. A região tinha um machucado de cerca de cinco centímetros e hematomas, que corrobaram a versão da vítima de que o atleta não a deixou sair do banheiro e a jogou no chão.
Porém, o jogador alega que a ferida ocorreu em razão da posição em que ela estava enquanto fazia sexo oral nele.
Quando questionado sobre as diferentes versões que deu no processo, Alves diz que só conseguiu dizer a verdade depois de contar à esposa o que "havia acontecido naquela noite e pedir-lhe perdão".
"Se alguém já amou de verdade, se conheceu, como eu, o amor verdadeiro, saberá que, para preservar esse amor, faz-se de tudo. E eu menti. Tive medo de perder a Joana e por isso menti. Lutei desesperadamente para salvar meu casamento da infidelidade", relata.
O jogador finaliza dizendo que tem certeza de "que tudo isso que estou vivendo é um pesadelo. O que espero é que um dia acabe". Para ele, se naquela noite alguém lhe dissesse que seria acusado de estupro, ele responderia: "Eu vou na delegacia".
Relembre o caso
O caso teve sua primeira repercussão na imprensa espanhola ainda em 2022. No dia 31 de dezembro, o diário ABC revelou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na casa noturna Sutton no dia anterior. A mulher esteve acompanhada de amigas a todo instante, e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que colheu o depoimento da vítima.
No dia 10 de janeiro, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e passou a investigar o jogador. Inconsistências nas versões dadas pelo atleta à Justiça, além da possibilidade de fuga da Espanha, fizeram a juíza Maria Concepción Canton Martín decretar a prisão de Daniel Alves no dia 20 de janeiro, depois que ele prestou depoimento.
O Juizado de Instrução 15 de Barcelona conduz a investigação. Nas contradições, Daniel Alves chegou a dizer que não conhecia a mulher que o acusava. Depois, revelou que houve relação sexual, mas de forma consensual. O pedido do Ministério Público para a detenção do atleta aconteceu também por causa de um possível risco de fuga da Espanha em meio à condução do processo.
A defesa de Daniel Alves tentou um recurso, no MP, para que o jogador respondesse ao processo em liberdade. Em sessão realizada a portas fechadas, o órgão citou os múltiplos indícios que incriminariam o brasileiro, especialmente as provas de DNA, para negar o pedido.
Antes de completar quatro meses na prisão, em abril, Daniel Alves voltou a depor na Justiça espanhola. De acordo com a legislação do país, uma pessoa na condição de investigada pode depor quantas vezes considerar necessárias durante o processo judicial. Foi por isso que Daniel pediu para falar novamente.
Segundo informou o portal R7, a defesa também fez um novo pedido de soltura de Daniel Alves. De acordo com os advogados do jogador, não há risco de fuga do réu. Sua família, ex-mulher e filhos se mudaram para Barcelona. O corpo jurídico afirmou que ele sempre teve planos de que os dois filhos completassem os estudos universitários na Espanha.
Além disso, no pedido enviado em 16 de maio, a defesa afirmou que, "nas imagens gravadas, é possível ver claramente dois adultos desenvolvendo um jogo erótico preliminar ao coito". Esse trecho está presente na apelação apresentada ao Tribunal de Barcelona. O recurso foi negado.
Deixe o seu comentário
O seu endereço de email não será publicado