Dentista que deformou pacientes tem 600 mil seguidores nas redes

31 de Janeiro 2024 - 10h33

Presa preventivamente pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), a dentista Hellen Matias (foto em destaque) é investigada por deformar pacientes após procedimentos estéticos. Em mensagens, as pessoas atendidas pela profissional mostraram os resultados desastrosos dos procedimentos feitos na clínica da investigada, em Goiânia (GO).

Nas redes sociais, Hellen soma mais de 600 mil seguidores. Ela se apresenta como “referência em cirurgias faciais”.

Ainda nas redes, Hellen divulgava vagas para cursos ministrados por ela. Os temas variavam desde “lipo na papada” a “cirurgias cosméticas faciais”.

Deformados

Mensagens obtidas por policiais civis da cidade revelam a angústia das vítimas. Em um dos textos, uma cliente disse que estava “desesperada” e com “os olhos irritados”. Outro paciente denunciou ter ficado com o nariz “aleijado” e “um buraco com queloide”. Nas conversas, os dentistas da clínica da investigada chegaram a chamar os pacientes para fazer um “reparo”.

Prisão

A Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), cumpriu mandado de prisão preventiva contra a dentista, investigada por fazer procedimentos estéticos que resultaram em deformações nos rostos de pacientes.

As equipes também cumpriram quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados à investigada, nos municípios de Goiânia e Santa Bárbara de Goiás (GO).

A clínica coordenada pela profissional, no Setor Oeste de Goiânia, tornou-se alvo de inquérito que apura os crimes de exercício ilegal da profissão e execução de serviço de alta periculosidade.

A investigação revela que a dentista e outros três profissionais ficavam responsáveis pelos procedimentos, expressamente vedados pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO).

As cirurgias plásticas eram oferecidas nas mídias sociais dos odontólogos por valores abaixo dos praticados no mercado e alcançavam grande número de pessoas.

A apuração policial constatou, ainda, que a dentista vendia abertamente as cirurgias pelo Instagram, que tem mais de 650 mil seguidores. Além disso, a investigada ministrava cursos para que outros profissionais da saúde executassem essas cirurgias sob “supervisão” dela.

Na primeira fase da operação, os policiais encontraram diversos instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos com prazo de validade expirado na clínica da investigada.

Os materiais foram apreendidos e descartados pela Vigilância Sanitária, que também autuou a dentista por infrações administrativas – entre elas, a inadequação do alvará sanitário do estabelecimento, que não autorizava a realização de procedimentos invasivos no local.

Após a apreensão do celular usado pela equipe da clínica para entrar em contato com os pacientes, os policiais civis descobriram inúmeros casos de consumidores que ficaram com rostos deformados após passarem por cirurgias com a profissional ou com algum dos “alunos” dela.

A polícia conseguiu declarações de mais de 10 vítimas da dentista, bem como depoimentos de ex-funcionários da clínica. Todos confirmaram a realização das cirurgias proibidas em local inadequado – fora do ambiente hospitalar –, o que gera grave risco à integridade física dos pacientes.

As pessoas ouvidas também relataram que a dentista não aceitava qualquer crítica ao trabalho dela e que tratava os clientes com descaso.

 

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