Devido a pandemia, Brasil registra menor patamar no abate a bovinos desde o 3º trimestre de 2004

09 de Dezembro 2021 - 16h17

O Brasil registrou o abate de 13,72 milhões de cabeças de suínos no 3º trimestre de 2021, um recorde na série histórica, iniciada em 1997. Essa quantidade representa alta de 7,8% em relação ao mesmo período de 2020 e aumento de 4,5% na comparação com o 2° trimestre de 2021. O resultado é da Estatística da Produção Pecuária, divulgada hoje (8) pelo IBGE.

A pesquisa também mostra que foram abatidas 1,54 bilhão de cabeças de frangos. Esse número significa alta de 1,2% ante o 3º trimestre de 2020 e de 0,7% na comparação com o 2° trimestre de 2021, o melhor 3º trimestre na série histórica da pesquisa e o melhor desempenho já registrado para mês de setembro.

No que diz respeito aos bovinos, foram abatidas 6,94 milhões de cabeças, o patamar mais baixo para um 3º trimestre desde 2004. O resultado representa queda de 10,7% em relação 3º tri de 2020 e 2% abaixo do 2º tri de 2021.

De acordo com Bernardo Viscardi, supervisor da pesquisa, o resultado recorde das exportações de carne suína in natura, com o pico das vendas para o exterior em setembro, colaborou para o desempenho do abate de suínos. As exportações de suínos ainda se beneficiam da peste suína africana que atingiu a China, que segue adotando medidas para controlar a epidemia e repor seu rebanho.

“Suínos e frangos tiveram alta por serem proteínas mais acessíveis que a carne bovina, para a população que está com a renda reduzida. Outro destaque é a produção de ovos que, pela segunda vez, ultrapassou a marca de 1 bilhão de dúzias no trimestre. Por ser mais barato que a carne, boa parte da população acaba demandando mais ovos”, diz Viscardi.

No abate de bovinos, manteve-se a tendência iniciada em 2020, com a retenção de fêmeas por conta do elevado preço do bezerro. Apesar da retração do abate, o volume de carne bovina in natura exportada foi o mais elevado para um trimestre, considerando a série histórica da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/ME), com recordes para os meses de agosto e setembro, 181,6 mil toneladas e 187,0 mil toneladas, respectivamente.

 

“O preço do boi vem subindo por conta de um abate de fêmeas elevado até 2019, o que fez faltar bezerros. Agora os produtores estão retendo mais fêmeas para criar bezerros. Além dessa retenção, houve restrições de exportação para a China, a partir de setembro, o que contribuiu para reduzir o abate. A porcentagem de carne exportada atingiu níveis recordes acima de 30% do total produzido, em equivalência de carcaças. O mercado externo estava com alta participação e esse baque das restrições da China, que responde por quase 60% das exportações de carne brasileira, levou muitos frigoríficos a reduzir o abate. Já os frigoríficos que atendem ao mercado interno estavam trabalhando com margens baixas ou até negativas e isso também desestimula o abate”, diz o supervisor da pesquisa.

A aquisição de leite cru foi de 6,19 bilhões de litros no 3º tri de 2021. Esse número equivale à redução de 4,9% em relação ao 2° tri de 2020 e alta de 6,1% em comparação com o trimestre imediatamente anterior. Cabe destacar que o setor tem comportamento cíclico, em que os terceiros trimestres regularmente apresentam uma recuperação em relação ao trimestre anterior.

Viscardi observa que o leite apresentou uma queda na comparação anual, refletindo a alta dos custos, sobretudo com suplementação alimentar. Enquanto as vendas de frangos, ovos e suínos crescem por serem mais acessíveis, no caso do leite e seus derivados, a população, quando tem um comprometimento de renda, acaba deixando de consumir derivados como iogurtes, queijos, requeijão e manteiga.

“Isso desencoraja a produção. Como o produtor não consegue repassar os custos e obter um preço bom, que não sobe na mesma ordem dos insumos, acaba reduzindo a produção. Fora que houve problemas climáticos como uma seca bastante intensa no Centro-Oeste e parte do Sudeste, além da ocorrência de geadas no Sul”, analisa Viscardi.

Já a produção de ovos de galinha alcançou a marca de 1,0 bilhão de dúzias no 3º trimestre de 2021, queda de 1,8% em relação ao apurado no 3º tri de 2020 e alta de 1,5% em relação à produção do 2º tri de 2021. O resultado representa a segunda maior produção tanto para um terceiro trimestre quanto para a série histórica da pesquisa iniciada em 1987.

A Pesquisa Trimestral do Couro mostrou que 7,37 milhões de peças de couro foram recebidas em curtumes, queda de 10,4% em relação ao 3° trimestre de 2020 e de 2,2% na comparação com o 2° tri de 2021. Esse cenário foi influenciado pela redução do abate de bovinos, sobretudo em setembro, quando foram contabilizadas 2,06 milhões de peças adquiridas, 23,5% abaixo do mesmo mês do ano anterior.

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