O dólar caiu pelo terceiro pregão seguido frente ao real nesta quinta-feira (13), o que estende uma sequência de perdas que o levou ao menor patamar de encerramento em dez meses na véspera, por causa de investidores que reagiram a novos dados de inflação dos Estados Unidos e aproveitaram um ambiente doméstico mais otimista.
Às 10h (horário de Brasília), a moeda americana à vista recuava 0,26%, a R$ 4,9281 na venda. Na B3, o contrato futuro de primeiro vencimento da divisa subia 0,13%, a R$ 4,94. O dólar chegou a cair 0,74% nesta manhã, para R$ 4,9043, menor nível intradiário desde a primeira quinzena de junho do ano passado.
Dados mostraram queda dos preços ao produtor americano em março, o que reforça um cenário de arrefecimento da inflação, que pode levar o Federal Reserve a ser menos agressivo do que o temido na condução da política monetária. Na véspera, outro relatório havia mostrado que os preços ao consumidor americano enfraqueceram mais do que o esperado no mês passado.
"O Fed provavelmente vai (elevar os juros) em 0,25 pp (ponto percentual) em maio, e o mercado espera que eventualmente possa cortar os juros" em 2023, disse Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora.
A perspectiva de taxa de juros terminal menos alta nos EUA joga a favor do real, pois torna a divisa atraente para investidores estrangeiros que adotam estratégias de "carry trade". Elas consistem na tomada de empréstimo em país de taxas baixas e na aplicação desse dinheiro em um mercado mais rentável, de forma que se lucre com o diferencial de custos de empréstimo.
A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que é apontado como fator de impulso para a moeda local há meses. "Com o índice de preços ao consumidor dos EUA fora do caminho, o enfraquecimento dos dados econômicos dos EUA é novamente o principal tema do mercado. Permanecemos otimistas... em relação a nomes de alto 'carry' nos mercados de câmbio emergentes", disse o Citi em relatório.
Mas, além do apelo de "carry", o real também tem sido impulsionado por um forte ingresso de fluxos comerciais no Brasil, disse Iha, da Fair, e citou o otimismo em relação às safras de commodities, como a soja.
A ausência de notícias muito negativas no âmbito político e fiscal doméstico também abriu espaço para a queda do dólar, acrescentou o operador, embora tenha dito que há limites para o quanto o dólar pode cair no curto prazo, depois do movimento acentuado dos últimos dois pregões.
Na véspera, a moeda americana à vista despencou 1,34%, a R$ 4,9408, menor cotação desde 9 de junho de 2022, quando havia fechado em R$ 4,9166. No acumulado dos últimos pregões, a divisa cedeu quase 2,5%.
Segundo Iha, o mercado "deu uma acalmada" e agora fica em "compasso de espera positivo" enquanto aguarda o envio do novo arcabouço fiscal do governo ao Congresso e monitora possíveis alterações na proposta durante sua tramitação. Informações do R7.
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