Dólar opera em queda e cai abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde julho
O dólar opera em queda nesta quarta-feira (23), engatando sua quarta perda diária consecutiva com a manutenção de fluxos para o mercado doméstico, que oferece juros atrativos, apesar das preocupações internacionais com a crise na Ucrânia.
Às 11h35, a moeda norte-americana recuava 0,85%, cotada a R$ 5,0080. Na mínima até o momento, chegou a R$ 4,9980. Veja mais cotações.
É a primeira vez que a cotação da moeda vai abaixo de R$ 5 desde 2 de julho de 2021, quando chegou a R$ 4,9881 durante os negócios. Já a última vez que o dólar fechou abaixo de R$ 5 foi em 29 de junho do ano passado (R$ 4,9210).
Na terça-feira, o dólar fechou em queda de 1,09%, a R$ 5,0511 – menor cotação desde 1º de julho de 2021 (R$ 5,0448). Com o resultado, passou a acumular queda de 4,79% no mês e de 9,39% no ano.
Cenário
No exterior, os investidores monitoram os desdobramentos da crise entre Ucrânia e Rússia após os Estados Unidos e outros países ocidentais anunciarem a primeira onda de sanções contra Moscou. Veja aqui o resumo dos últimos eventos.
"Até agora, as sanções impostas pelo Ocidente não são tão pesadas quanto se poderia esperar e o mercado aparentemente está levando isso como uma vitória em meio a indícios de que o presidente russo, Vladimir Putin, pode estar aberto a uma solução diplomática", avaliou Russ Mold, diretor de investimentos da AJ Bell.
Por aqui, o IBGE divulgou que o IPCA-15, que é uma prévia da inflação oficial do país, acelerou para 0,99% em fevereiro, atingindo 10,76% em 12 meses, acima dos 10,20% dos 12 meses anteriores, puxado pela alta das mensalidades escolares.
Apesar da queda do dólar nas últimas semanas, os preços mais altos das commodities, sobretudo do petróleo, pressionam para um quadro inflacionário ainda pouco confortável. Analistas têm avaliado que a inflação tende a permanecer acima dos 10% por mais alguns meses ainda.
O mercado financeiro elevou pela sexta semana seguida a estimativa de inflação para 2022, que passou de 5,50% para 5,56%, segundo boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda.
Para a taxa básica de juros, a Selic, foi mantida a expectativa de 12,25% ao ano para o fim de 2022. O mercado financeiro manteve também a previsão de crescimento do PIB deste ano em 0,30%. Já a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2022 recuou de R$ 5,58 para R$ 5,50. Para o fim de 2023, caiu de R$ 5,45 para R$ 5,36 por dólar.
Participantes do mercado têm atribuído a performance do real nas últimas semanas à percepção de que o Brasil está atrativo para novos fluxos de dinheiro estrangeiro, em razão da trajetória de alta da Selic e com o diferencial de juros em relação a outras economias aumentando a rentabilidade do mercado brasileiro de renda fixa.
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