Empresa do RN de ônibus fecha as portas e expõe crise no setor; Foi a segunda em 2022
O encerramento das atividades de duas empresas de ônibus que atuavam na Região Metropolitana de Natal ocorrido entre janeiro e abril deste ano, expõe a grave crise econômica que o Setor de Transportes enfrenta. O alerta é Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (FETRONOR). Em 2022, as empresas Parnamirim Field e Auto Viação Campos (MDC) fecharam as portas. A primeira, em fevereiro deste ano. A MCD, no último sábado (16).
“Essa crise já vem de algum tempo. Ao longo das últimas décadas, temos acompanhado a falta de investimentos para o transporte, ao mesmo tempo em que a venda de carros e motos cresceu significativamente. O transporte foi ficando de lado, e a situação piorou ainda mais com a pandemia da covid-19”, explica o presidente da Federação, Eudo Laranjeiras.
As linhas que as empresas operavam (a Parnamirim Field atuava nas linhas do Parque Industrial, em Parnamirim, e a Campos nas linhas do litoral sul, como as que ligam Tabatinga e Pirangi do Sul a Natal), foram repassadas emergencialmente para outras empresas, sem causar prejuízos aos usuários.
“Por enquanto, as empresas maiores ainda têm condições de socorrer as linhas que as empresas menores estão deixando. Mas e quando nem as maiores tiverem condições disso?”, considera Eudo.
O Presidente releva, inclusive, que as empresas maiores só conseguiram prestar suporte, por já terem sido vendidas. “Há anos, as empresas da Grande Natal têm sido vendidas a grupos maiores, que também já atuam em outros estados, pois não teríamos condições de nos manter”, afirma Eudo.
Falta do transporte já é realidade em 89 municípios do RN
Segundo o Presidente, a falta de ônibus já é a realidade de 89 municípios do Rio Grande do Norte, onde as empresas deixaram de operar as linhas regulares, e hoje a população conta apenas com o transporte clandestino. “O transporte é um direito, mas que a população não tem conseguido usufruir. Com a crise que o Setor enfrenta, as empresas foram deixando as linhas, e hoje a população não tem o transporte regular nem os benefícios que ele oferece, inclusive a gratuidade. A mobilidade urbana das pessoas no interior já está prejudicada”, diz.
Eudo explica que a crise teve início no segmento do transporte rodoviário, com o crescimento do transporte clandestino. “Desde o final da década de 1990, o transporte já enfrentava essa concorrência, que cresceu com o passar do tempo. O transporte rodoviário foi o primeiro e o mais prejudicado. No urbano e no metropolitano, conseguíamos ir mantendo. Mas a situação está chegando em um patamar impossível de sustentar, com o custo aumentando e a conta recaindo para o bolso do passageiro. Infelizmente, se nada for feito, a tendência é que ocorra o mesmo do rodoviário: empresas falindo e linhas sem serem operadas”, afirma.
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