Entenda o que é "Pink Tax", o "extra" que torna produtos para mulheres mais caros
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) participou, na manhã desta sexta-feira (3), da audiência pública da Frente Parlamentar em Defesa da Mulher da Câmara Municipal de Natal com o objetivo de discutir a ‘Pink Tax’. A FIERN foi representada pela diretora Tercina Suassuna. O evento também contou com a presença da Coordenadora de Relações Institucionais e Mercado da FIERN, Ana Adalgisa Dias.
O tema ‘Pink Tax’, conhecido no Brasil como ‘taxa rosa’ ou ‘custo rosa’, é um movimento do mercado consumerista apoiado em técnicas de marketing e design que torna os produtos desenvolvidos para mulheres mais caros que os destinados aos homens, mesmo que se tratem de produtos iguais.
Para a diretora da FIERN, Tercina Suassuna, a ‘pink tax’ é uma jogada de marketing que vem prejudicando muito as mulheres. “Não é uma prática apenas política, apenas no Brasil, mas no mundo todo, e a gente sabe que isso tem um fundo muito mais de marketing do que qualquer outra justificativa. Não se justifica isso na linha de produção, por exemplo, muitas vezes a diferença pode chegar a mais de 12% no preço de um produto voltado para as mulheres”, diz.
Tercina considera que o uso da ‘taxa rosa’ é algo que realmente precisa mudar. “Algumas empresas tem mudado essa pegada, mas precisamos mudar ainda mais, evoluir muito mais no alinhamento desses preços. Afinal, nós somos mulheres, já estamos tão prejudicadas com o salário inferior ao dos homens, não temos o mesmo acesso, a mesma participação política, então não é justo ainda pagar muito mais caro por causa de uma cor, não se justifica”, reforça a diretora da FIERN.
A ‘pink tax’, ou ‘taxa rosa’ é uma prática comum de mercado. Trata-se de cobrar mais caro por artigos femininos, como por exemplo a clássica história da lâmina de barbear cor-de-rosa, que custa três vezes mais em relação a outra, igualzinha, mas azul. Uma simples pesquisa em qualquer comércio eletrônico vai mostrar que, em produtos praticamente iguais, nos quais só muda a cor ou a embalagem, as versões ditas femininas custam mais.
A coordenadora executiva de Relações Institucionais e Mercado da FIERN, Ana Adalgisa Dias, diz que a taxa precisa ser revista. “Se o produto tem as mesmas características de um produto normal, só porque ele é direcionado às mulheres, por que o preço tem que sair mais alto? Se a gente considerar que grande parte das mulheres, não só da indústria, mas do setor produtivo, elas ganham, em alguns casos, menos que os homens ocupando os mesmos cargos. Então, a gente entende que é necessário repensar essa questão da ‘taxa rosa’, destaca Ana Adalgisa.
Uma pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), realizada em 2017, mostrou que as mulheres pagam, em média, 12,3% mais em produtos idênticos àqueles direcionados ao público masculino, “apenas por serem rosa”. E os percentuais variam de acordo com a categoria de produtos, chegando a 23% extras nos itens de vestuário bebê/infantil “de menina”, 27% no corte de cabelo e 26% em brinquedos.
Durante o debate na Câmara Municipal do Natal, foi abordado que nesse contexto ainda se reforça o estereótipo de gênero, com abordagens de marketing que sobrepõem cada vez mais lançamentos de produtos ultra direcionados ao público feminino. A audiência foi proposta pela vereadora Júlia Arruda, presidente da Frente Parlamentar, contou com a presença das vereadoras Ana Paula e Camila Araújo.
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