'Estou com bastante medo', diz homem que acusa coronel da PM de estupro após confusão em motel

12 de Abril 2022 - 16h05

 

O jovem de 21 anos que acusa um coronel da Polícia Militar de estupro em um motel em Taguatinga, no Distrito Federal, diz que teme pela própria segurança. Ele foi preso no sábado (9), após atirar com a arma do PM no estabelecimento, mas foi liberado na segunda (11). O coronel também foi detido e solto (relembre abaixo).

"Estou com bastante medo. Eu estou mais tranquilo porque não estou mais preso, porque meu medo maior era quando eu estava preso. Eu passei três dias sem dormir, porque poderia acontecer tanta coisa", afirma, em entrevista à TV Globo.

O rapaz, que preferiu não se identificar, diz que foi abusado sexualmente e coagido pelo coronel Edilson Martins, de 47 anos, a ficar na companhia dele, sob a mira de uma arma. Até a última atualização desta reportagem, o g1 não tinha conseguido contato com a defesa do militar.

A corporação informou que apura o caso em âmbito administrativo e que não coaduna com desvios de conduta de seus integrantes.

Versão do rapaz

O jovem afirma que, na madrugada de sábado, estava voltando para casa de um bar, a pé, quando foi abordado pelo policial, em um carro. Segundo o rapaz, o militar ofereceu uma carona e perguntou se ele usava drogas. O jovem diz que respondeu negativamente, mas acabou aceitando a carona do PM.

"O meu erro foi ter entrado dentro do carro. Eu aceitei a carona dele", diz.
Segundo o rapaz, no veículo, o coronel mostrou que tinha sido agredido, no mesmo dia, por outro homem, e que queria encontrar essa pessoa e matá-la. "Ele disse que era para eu ajudar a matar esse cara, porque eu já estava ali e tinha que ajudar ele", afirma.

O jovem alega que pediu ao policial para descer do carro diversas vezes e que, na maior parte do tempo, o coronel aparentava estar calmo. No entanto, quando ele tentava se desvencilhar, o militar ficava "muito bravo".

Em determinado momento, de acordo com o rapaz, o PM disse que ia passar em casa para pegar uma arma. No local, o policial desceu do carro e o jovem diz que saiu do veículo, fez imagens do automóvel, e pensou em fugir, mas desistiu porque percebeu que o militar logo voltaria.

Ida ao motel

Em seguida, os dois retornaram ao carro e o rapaz diz que o assédio sexual começou. "Ele começou a passar a mão na minha perna, pegou na minha virilha, nos meus órgãos genitais."

Segundo o jovem, ele e o PM dirigiram por algum tempo e o militar deu dinheiro para que comprasse drogas e mandou que o rapaz usasse o entorpecente. Após um período, os dois entraram no motel onde ocorreu a confusão.

O jovem diz que tentou estabelecer um diálogo para ganhar a confiança do PM. "Não queria nem que ele me estuprasse, nem me matasse, e estava conversando com ele para tentar distrair."

O jovem alega que uma funcionária foi até ele, questionou o número do quarto e saiu. Nesse momento, ele disparou com a arma no muro do estabelecimento. "Fiquei com medo de que ela [funcionária] fosse até o quarto, encontrasse ele trancado lá, ele falasse que era coronel, e ela liberasse", diz.

Em seguida, a Polícia Militar chegou e ambos foram levados para a 12ª Delegacia, em Taguatinga Centro. Ele afirma que, agora, tem medo de estar na rua.

"Não tenho coragem de sair de casa porque qualquer policial pode me abordar, me reconhecer, isso vai ser para a vida toda."
Soltura
A decisão da Justiça que determinou a liberdade provisória dos envolvidos saiu na segunda (11). Pela ordem, o jovem deve:

- Manter distância de 500 metros do motel onde ocorreu a confusão
- Comunicar à Justiça qualquer mudança de endereço

As medidas determinadas ao coronel da PM são:

Proibição de se aproximar do motel e de uma distribuidora de bebidas, ambos em Taguatinga

Obrigação de cumprir toque de recolher entre 22h e 6h, dentro de casa

Suspensão do porte de arma de fogo

No caso do PM Edilson Martins, as medidas deverão ser cumpridas quando ele receber alta. O coronel foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após o episódio.

Por volta das 6h de sábado (9), uma funcionária do motel ouviu tiros e ligou para a polícia. Os militares que atenderam a ocorrência informaram que, quando chegaram ao local, encontraram o jovem armado e pediram para que ele entregasse a pistola, que já estava descarregada.

De acordo com a ocorrência registrada no centro de operações da Polícia Militar, o jovem e o coronel consumiram drogas e se desentenderam depois de terem relações sexuais. A Polícia Civil autuou coronel por estupro.

Os militares disseram ainda que ninguém se machucou com os tiros. Após ser levado à delegacia, o jovem foi autuado por disparo de arma de fogo e dano qualificado.

Foto: TV Globo/Reprodução.

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