A entrada da Gol com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos coloca em alerta os passageiros com bilhete comprado ou intenção de voar nos próximos meses com a companhia.
Especialistas, porém, avaliam que a confirmação do pedido de proteção contra credores não seria capaz de impactar os voos já agendados e, pelo contrário, abre um horizonte favorável para melhorar a saúde financeira da companhia no médio e longo prazo.
Em 2023, a Gol reconheceu, em balanço financeiro, um endividamento de R$ 20 bilhões. A maior parte está relacionada ao aluguel de aeronaves, contratos de leasing. Apesar do alto endividamento, a Gol mantém uma operação saudável no país.
Especialistas consultados pelo Valor contaram que a companhia mantém uma “frota padronizada”, com uma relação de custo de assento por quilômetro “bastante razoável”, apesar do custo elevado do querosene de aviação (QAv) no Brasil.
A origem do problema financeiro enfrentado pela Gol vem da crise que atingiu em cheio o mercado de aviação civil em todo mundo durante a pandemia da covid-19.
Operação lucrativa
Agora, a Gol está presente nas rotas lucrativas do país, o que é importante para as empresas nacionais em momento de retomada da demanda por voos.
A companhia ocupa posição estratégica nos aeroportos de Congonhas e Galeão, por exemplo. O preço da passagem elevada, o que os passageiros sabem e têm reclamado, torna a operação neste momento bastante lucrativa.
“A Gol tem sim uma demanda muito boa de voos, com aviões cheios. Só que existe um passivo, que vem lá, desde o momento da covid, de dívidas, de pouca arrecadação. Um momento realmente muito difícil”, afirmou o consultor sênior da ARB Consultoria, Ary Bertolino, ao Valor.
O especialista explica que, ao contrário do que parece, a recuperação judicial em território americano pode ser vantajosa e a companhia pode sair, literalmente, no lucro. Isso porque, além de negociar dívidas sob a tutela do juiz, vai proteger seu caixa de despesas que podem ter o vencimento antecipado.
“Toda vez que se fala em recuperação judicial, o que vem na cabeça é que a empresa vai quebrar, vai falir. Muitas vezes, o que acontece é o contrário porque o que eles querem na verdade é trilhar caminhos para se recuperar e poder, a partir dessa recuperação, se desenvolver”, disse Bertolino.
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