Governo do RN quer, pelo menos, 10% dos contratos que a Shein vai firmar no Brasil

04 de julho 2023 - 19h23

Destaque na imprensa nacional e, inclusive, tendo que justificar que nas facções de costura não há mais trabalho que desrespeita as regras de respeito ao trabalhador, a Coteminas e a Shein detalharam os planos para a instalação da fábrica em Macaíba, na região metropolitana de Natal. 

Segundo reportagem no blog de Carlos Juliano Barros, no Uol Notícias, a Shein esclareceu que o RN não vai ser o único a fornecer peças para a marca. Já haveria outras 151 fábricas cadastradas no Mato Grosso, no Paraná e em São Paulo.

Parte da produção no Rio Grande do Norte ficará a cargo de uma fábrica da Coteminas, no município de Macaíba, região metropolitana de Natal. A matéria cita, ainda, que o grupo empresarial pertence à família de Josué Gomes, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e filho de José Alencar, vice-presidente nos dois primeiros governos de Lula.

Mas a Shein também será abastecida por uma rede de oficinas de costura de micro e pequeno porte, espalhadas por municípios do sertão do Seridó, região historicamente castigada pela seca. 

Segundo Jaime Calado, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do RN, atualmente já há mais de cem oficinas aptas a produzir roupas para grandes marcas e varejistas. O plano é crescer. "Dos 2 mil contratos que a Shein vai fazer no Brasil, a gente quer no mínimo 200 aqui no estado. Isso vai representar mais empregos", afirmou Calado.

Problemas trabalhistas e "novo momento"

Nos primeiros anos do Pró-Sertão, o programa foi marcado por denúncias de más condições de trabalho nas oficinas do Seridó. As reclamações mais comuns diziam respeito a emprego sem carteira assinada, pagamentos abaixo do salário mínimo e jornadas excessivas para cumprir metas.

De acordo com uma série de assuntos da agência Repórter Brasil de 2015, doenças laborais, como as chamadas LER/DORT (lesões por esforço repetitivo e doenças osteomusculares), também entraram no radar do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio Grande do Norte , que criou um programa específico para enfrentar o problema.

"Vivemos um novo momento", afirma o secretário estadual, quando questionado sobre o assunto. "Hoje as oficinas têm o selo Abvtex, o que garante a qualidade para fornecer para as grandes revistas. Isso inclui a fiscalização das condições trabalhistas", completa Jaime Calado.

O "selo" a que o secretário se refere é o programa de certificação da Associação Brasileira do Varejo Têxtil. Segundo Edmundo Lima, diretor-executivo da entidade, "a Abvtex e alguns varejistas associados realizaram um forte trabalho para promoção de melhores condições de trabalho nas oficinas locais e formalização das empresas".

As 133 oficinas certificadas geraram cerca de 19 mil postos de trabalho, de acordo com a associação. Promoção de saúde e segurança e combate à violência contra mulheres também fazem parte do programa.

Lima também avalia a intenção da Shein de levar a produção de suas roupas para o interior do Rio Grande do Norte. "Precisamos acompanhar a estratégia das plataformas internacionais na cadeia produtiva brasileira para que não haja retrocesso em tudo que estamos construindo e desenvolvendo", complementa.

O que diz a Shein?

Em nota, a assessoria de imprensa da empresa afirma que "a Shein tem o compromisso de gerenciar sua cadeia de suprimentos de forma responsável".

Além disso, processe o documento, todos os fornecedores devem obedecer a um código de conduta baseado nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e na legislação local, sob pena de rescisão de contrato, quando necessário.

"No Brasil, gostaria de ressaltar que todos os fornecedores com os quais a Shein trabalha para produzir roupas localmente são empresas que operam sob a votação de governança reconhecida, como os utilizados pela Abvtex", diz o texto.

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