O setor público fez mais greves em 2023, primeiro ano do governo Lula (PT), do que em 2019, primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro (PL). Segundo O Globo, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que monitora a atividade grevista a nível nacional, mostram que foram 629 greves no ano passado, ante 566 registradas no primeiro ano do governo anterior, um aumento de 12%.
Os dados revelam também que metade das paralisações de 2023, cerca de 47%, foram greves de advertência, com tempo de duração pré-determinado. Apenas 12% duraram mais do que 12 dias.
Os bons olhos de Lula para as greves
O presidente Lula já admitiu ver a mobilização dos sindicatos com bons olhos.
“Eu fiquei sabendo que o pessoal do instituto federal [sic] quer entrar em greve. Ótimo. Só o fato dos caras quererem fazer greve já é bom, porque no governo passado ninguém se metia a fazer greve. Então o fato do cara falar ‘porra, o Lula está no governo, eu posso fazer uma grevezinha’, é ótimo”, disse o petista, durante uma reunião com o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, em março.
“Que bom que ele está exercitando o direito de reclamar, o direito de reivindicar. E a gente [governo federal] pode exercitar o direito de dar ou de não dar [reajustes salariais]. Quando a gente não pode dar, a gente sempre coloca a culpa na Fazenda”, acrescentou.
Lideranças sindicais ouvidas pelo jornal afirmam que o retorno do PT ao governo federal criou um ambiente mais propício às greves do funcionalismo público.
“Tendo mais liberdade, em um governo democrático, fica mais fácil das reivindicações aparecerem. Há uma retomada do movimento sindical, que teve uma queda violenta com a reforma [sindical de Temer], mas os sindicatos encontraram outras formas de sobrevivência e investiram na aproximação com as bases durante o governo Bolsonaro”, afirmou Paulo da Força (Solidariedade), líder da Força Sindical.
Aumentos para 2025 e 2026
A ministra da Gestão, Esther Dweck, afirmou que não há margem para novo reajuste de servidores no ano de 2023. De acordo com a ministra, o aumento linear de 9% autorizado já está causando um “grande impacto no orçamento de 2024”.
“O que a gente tem pactuado inicialmente dentro do governo, que gente garantiria para todo mundo 9% [em 2023], mais 4,5% [em 2025] e 4,5% [em 2026]. Ao todo, 19% acima da inflação do período, ninguém teria perda ao longo do governo do presidente Lula. Mas não teríamos facilidade de recuperar perdas de governo anterior por falta de qualquer reajuste de servidores naquele momento”, disse.
O Antagonista
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