Guerra dos mundos? Veja o que se sabe sobre os ovnis abatidos nos EUA, no Canadá e na China

13 de Fevereiro 2023 - 08h20

O abate de um balão chinês na costa dos Estados Unidos e de outros três objetos menores sobre o Alasca, o Canadá e o Lago Huron, levantaram preocupações de segurança na América do Norte e pioraram as já tensas relações com a China

Os objetos foram anunciados como não-identificados, o que instigou a imaginação do mundo: objetos voadores não-identificados (OVNIs) são os nomes adotados na cultura popular para aludir à presença de extraterrestres, embora nenhuma prova de relação com outros corpos celestes tenha sido anunciada até o momento.

Seguem as principais perguntas e o que se sabe sobre os acontecimentos até agora:

Quais eram os objetos?

Os incidentes começaram no final de janeiro, quando um balão chinês, que as autoridades de Washington descreveram como tendo propósitos de espionagem, cruzou por dias os céus dos EUA antes de ser abatido em 4 de fevereiro por um jato F-22 na costa da Carolina do Sul.A China insistiu que o balão estava realizando pesquisas meteorológicas.

O Pentágono afirmou que o balão tinha uma gôndola do tamanho de três ônibus e pesava mais de uma tonelada, além de estar equipado com várias antenas e painéis solares grandes o suficiente para alimentar vários sensores de coleta de informações.

O segundo objeto foi abatido na sexta-feira (10), no norte do Alasca. Ele foi derrubado por caças americanos "dentro do espaço aéreo soberano e sobre as águas territoriais dos Estados Unidos" e carecia de qualquer sistema de propulsão ou controle, de acordo com as autoridades.

No sábado (11), foi abatido um terceiro objeto por um caça F-22 americano, que voava sobre o território de Yukon, no centro do Canadá, a cerca de 160 quilômetros da fronteira com os EUA. Ele foi descrito como um "objeto aerotransportado de alta altitude".

O Canadá o descreveu como cilíndrico e menor que o primeiro balão. A ministra da Defesa canadense, Anita Anand, se recusou a especular se o objeto era de origem chinesa. A derrubada do objeto foi ordenada pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

O líder da maioria no Senado dos EUA, Chuck Schumer, que foi informado pelo governo Biden após o último incidente, disse no domingo que os dois últimos objetos provavelmente eram balões, "mas muito menores que o primeiro", e que ambos estavam voando a uma altitude de 12,2 mil metros. Funcionários americanos descreveram os dois novos objetos como do tamanho de um Fusca.

Neste domingo (12), foi abatido um dispositivo voador, descrito como uma estrutura octogonal da qual pendem cordas, que sobrevoava o Lago Huron. O ataque provocou o fechamento do espaço aéreo do dos lagos Huron e Michigan, vizinho. 

O que foi recuperado?

Equipes militares, trabalhando com aviões, barcos e minissubmarinos, estão percorrendo as águas rasas da Carolina do Sul. Quanto ao balão chinês, imagens militares mostraram  que pelo menos um grande pedaço foi recuperado. O FBI está assumindo a custódia dos restos para análise.

As operações para recuperar o segundo objeto continuam no gelo marinho perto de Deadhorse, no Alasca. "As condições climáticas do Ártico, incluindo vento frio, neve e luz diurna limitada, impactam as operações", disseram à AFP fontes militares.

Equipes de recuperação, apoiadas por uma aeronave de patrulha canadense CP-140, também estão procurando restos do terceiro objeto no Yukon. O Pentágono observou que o FBI está trabalhando em estreita colaboração com a polícia canadense.

Qual era o propósito dos objetos?

Autoridades americanas dizem que as imagens do primeiro balão mostram que ele consistia em equipamento de vigilância capaz de interceptar telecomunicações. O secretário de Defesa, Lloyd Austin, afirmou que sua missão era "monitorar locais estratégicos no território dos Estados Unidos continental".

Michael Mullen, ex-chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos — que comanda as forças armadas do país — sugeriu que a China, ou alguns membros de sua liderança militar, estavam intencionalmente tentando minar a visita planejada do secretário de Estado, Antony Blinken, a Pequim. Os EUA sustentam que os balões faziam parte de uma "frota" que já percorreu os cinco continentes.

Alguns analistas dizem que pode ser o início de um grande esforço de vigilância chinês com o objetivo de examinar as capacidades militares estrangeiras em antecipação a possíveis tensões sobre Taiwan nos próximos anos.

Por que tantos agora?

Analistas dizem que a inteligência dos EUA e do Canadá está constantemente recebendo grandes quantidades de dados brutos e geralmente descartando alguns para se concentrar na ameaça de mísseis que se aproximam, não em objetos que se movem lentamente, como balões.

— Agora, é claro, estamos rastreando-os. Então acho que provavelmente encontraremos mais coisas — disse Jim Himes, o principal representante democrata no Comitê de Inteligência da Câmara baixa, à NBC.

Autoridades disseram que o governo sabe que três balões voaram brevemente sobre os EUA durante o governo Trump, sem serem detectados na época, e um durante o próprio governo de Joe Biden.

No sábado, o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad) enviou caças para investigar uma "anomalia de radar" sobre Montana, mas não encontrou nenhum objeto relacionado.

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