Hospital Varela Santiago fecha Núcleo para Tratamento da Obesidade Infantil por "questões financeiras"

25 de Junho 2022 - 10h58

O Hospital Infantil Varela Santiago anunciou nesta sexta-feira (24) que vai fechar o Núcleo para Tratamento da Obesidade Infantil da unidade. De acordo com a direção, a decisão se deu por questões financeiras.

O Núcleo começou a funcionar em outubro de 2019. “Tínhamos uma despesa de 20 mil reais por mês. Aguardamos o primeiro ano, segundo ano, não tivemos nenhum apoio. Não suportamos mais e infelizmente vamos ter que fechar. É muito triste, ainda mais em um Estado que amarga o título de segundo colocado no país em número de obesos na faixa etária dos 05 aos 09 anos de idade”, disse o diretor superintendente da instituição Paulo Xavier Trindade.

Até junho de 2022, o núcleo realizou oito mil consultas e atendeu 115 crianças. “Nos primeiros quatro meses de tratamento tivemos redução de peso em 92,5% dos pacientes e 87,5% deles diminuíram a gordura corpórea. A média de perda de peso foi de 450g por consulta, quase meio quilo. Em nenhum lugar do mundo a gente encontra números tão bonitos”, afirma a endocrinologista pediatra Iluska Medeiros, coordenadora do Núcleo.

“O mais preocupante é que se essas crianças mantiverem a obesidade até os 10 anos, elas têm uma chance de 80% de se tornarem adultos obesos. Então o problema que já é grave hoje, tende a piorar ainda mais no futuro”, disse a médica.

O Núcleo oferecia atendimento multidisciplinar. “Investimos em um projeto diferenciado e pioneiro no Nordeste, com bioimpedância, o que tem de melhor em tecnologia para tal fim. Reunimos uma equipe técnica de primeira. As crianças eram vistas de 15 em 15 dias. Não era aquele núcleo que você faz uma consulta com um endocrinologista ou nutricionista, eles passam uma receita e o paciente volta com 6 meses. No nosso núcleo elas eram vistas quinzenalmente”, afirma Paulo Xavier. As informações são do G1.

A ideia, segundo o diretor, era que essas crianças continuassem sendo vistas de 15 em 15 dias, mas por falta de transporte dos municípios elas faltavam e o atendimento passou a ser mensal. “Criamos o núcleo para dar, além da assistência técnica, vale transporte e uma cesta para a criança se alimentar naquele período. Não adianta a gente orientar a criança e a mãe qual alimento ela deve dar, ensinar em uma oficina, e ela chegar em casa e não ter esse alimento, nem como comprá-lo. Nossa ideia era fazer uma coisa completa”, diz o diretor.

O fechamento do núcleo traz tristeza e preocupação à coordenadora. “Infelizmente vai deixar uma parcela importante da população sem assistência e provavelmente essas crianças, sem um bom acompanhamento, evoluírem para problemas futuros e com certeza onerar ainda mais o sistema de saúde com problemas cardiovasculares, insuficiência renal, hipertensão, etc”, diz a a endocrinologista pediatra Iluska Medeiros.

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