O brasileiro voltou a estudar a possibilidade de comprar um imóvel após a perspectiva de queda na taxa básica de juros a partir do mês de agosto, que hoje está em 13,75%. Quando menor os juros, mais em conta sai o financiamento imobiliário.
Mas, a dúvida se vale mais comprar ou alugar um imóvel ainda exite entre as pessoas que pensam no assunto.
A CNN ouviu especialistas que explicaram os prós e contras na locação e na compra de um imóvel para ajudar quem está neste dilema. Organização, programação, planejamento, simulações e renegociações de dívidas são pontos que devem ser considerados antes de se tomar uma decisão.
Para Jarbas Thaunahy Santos de Almeida, professor de estatística e finanças da Strong Business School e autor do livro “Matemágica das finanças: o que você precisa saber antes de começar a investir”, há pontos positivos e negativos tanto para quem quer comprar, quanto para quem quer alugar um imóvel.
Primeiramente, ele expõe que, caso a pessoa não deseje se comprometer a longo prazo, o aluguel permite a mudança de residência com mais facilidade. Isso é especialmente benéfico para quem tem planos de se mudar para outra cidade ou se está em uma fase de transição na vida, como um novo emprego ou casamento.
Agora, se a pessoa possui uma estabilidade financeira sólida, incluindo uma renda estável, uma reserva de emergência adequada e a capacidade de lidar com os custos iniciais e contínuos da compra de um imóvel, como entrada, financiamento imobiliário, taxas e despesas de manutenção, a compra deve ser considerada.
“Se você está enfrentando incerteza financeira ou possui uma renda instável, alugar pode ser mais viável. Comprar um imóvel requer um investimento inicial significativo, como a entrada e outros custos associados, enquanto o aluguel geralmente exige um depósito de segurança e o pagamento do aluguel mensal”, pontua Almeida.
Considerações para o aluguel
O professor explica que caso a pessoa necessite morar em uma determinada área por um curto período, alugar é uma opção mais prática. Isso pode ser o caso de estudantes universitários que planejam ficar em uma cidade apenas durante o período dos estudos ou profissionais que foram designados para trabalhar temporariamente em outra região.
“Ao alugar um imóvel, a responsabilidade pela manutenção e reparos geralmente recai sobre o proprietário ou imobiliária. Isso pode ser benéfico se você não quiser se preocupar com essas questões ou se não tiver os recursos financeiros para lidar com as despesas de manutenção.”
Colocando na balança, Almeida pontua mostra que dependendo do mercado imobiliário local, em algumas áreas, o custo do aluguel pode ser menor do que o custo total de comprar e manter uma propriedade.
Segundo ele, alugar permite que o morador aproveite o benefício de ter um lugar para morar sem assumir o compromisso financeiro de uma prestação de financiamento imobiliário, impostos, pagamento de juros e outras despesas associadas à propriedade.
Contudo, é importante lembrar que alugar um imóvel significa que você não está construindo patrimônio e está pagando para morar em uma propriedade que não será sua.
Pensando na compra
Quando a pessoa possui planos de estabelecer raízes em uma determinada área por um longo período, comprar um imóvel faz mais sentido quando se pretende ficar no local por pelo menos alguns anos, para aproveitar os benefícios financeiros a longo prazo, como a valorização do imóvel.
Almeida ressalta que se o interessado na compra está em uma fase estável da sua vida pessoal, como um relacionamento estável, casamento ou família, e precisa de um lugar permanente para morar, adquirir um imóvel pode oferecer a segurança e estabilidade que se busca nessas circunstâncias.
Se as taxas de juros do mercado estão favoráveis e você pode obter um financiamento imobiliário com uma taxa de juros baixa, isso pode ser um incentivo para comprar um imóvel.
“Não existe uma regra fixa para determinar a porcentagem exata da renda que deve ser comprometida com o financiamento de um imóvel, pois isso pode variar de acordo com a situação financeira individual e as circunstâncias pessoais de cada comprador. No entanto, existe uma diretriz geralmente recomendada chamada de regra dos 30%.”
De acordo com essa regra, é sugerido que o valor do financiamento imobiliário, incluindo o pagamento mensal do empréstimo bancário, impostos e seguro, não deve exceder 30% da renda mensal bruta do comprador. Essa porcentagem é frequentemente usada como um indicador para manter as finanças saudáveis e evitar um ônus excessivo no orçamento mensal.
Planejando a compra
Diante desse cenário de incerteza e dificuldades, Armando Botelho, diretor comercial da Creditú, fintech de empréstimos hipotecários, destacou três dicas para que o consumidor se prepare para comprar seu imóvel.
Organização é a palavra-chave
Botelho explica que ao escolher o imóvel não é só a parcela do financiamento que precisa pensar como pagar. A organização financeira precisa focar também no pagamento da entrada, que costuma ser de 10% a 25% do valor do imóvel e é o que mais pesa no bolso, pois esse é um recurso que o comprador já deve ter disponível no ato da compra.
“Além disso, outro ponto que os compradores esquecem são as custas cartoriais, entre elas o Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e o registro do contrato de financiamento em cartório, que costumam complicar o bolso. Eles podem alcançar o teto de 5% do valor do imóvel, a depender da cidade.”
Programe-se com simulações
Ao entender as possibilidades de financiamento, fica mais fácil perceber qual é o perfil de imóvel que cabe no seu bolso, fazer as buscas e negociar a compra.
“A simulação ajuda a fornecer informações e um panorama financeiro para a família se preparar, tanto para a compra como para ajudar na organização financeira antes e depois de efetuar o financiamento”, orienta Botelho.
Antes de tomar a decisão, renegocie suas dívidas
Uma das maiores preocupações e dificuldades para o financiamento são as dívidas. Além de ocuparem uma fatia importante do orçamento familiar, se pagas em atraso elas não ajudam no histórico do comprador, essencial para a avaliação de crédito que as empresas realizam.
“Vale entender também quais são os documentos necessários para apresentar para a realização do financiamento e ter certeza de que está tudo em dia, evitando problemas pequenos que podem atrapalhar o andamento do processo”, orienta o diretor da fintech.
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