Não temos objetivo de acabar com dinheiro de papel, mas precisamos de opções, diz Campos Neto

24 de julho 2024 - 15h00

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a digitalização do real não tem o intuito de acabar com o dinheiro de papel, mas que é preciso ter opções que aumentem a segurança e dê acesso aos serviços bancários para cada vez mais pessoas.

A notícia é da CNN. Campos Neto admitiu que as cédulas diminuíram no mercado devido às transações em pix, mas que o BC não vai parar de fabricar dinheiro em papel, até porque muitas pessoas ainda estão habituadas com os valores em espécie.

Em palestra no evento Blockchain Rio 2024, promovido pelo Blockchain Rio, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (24), o presidente do BC afirmou que os próximos passos da instituição são no sentido de avançar com o Drex – o real digital – e tokenizar os depósitos e operações de grande volume de transferência.

Segundo ele, a proposta vai herdar as leis de depósitos para dar celeridade ao processo.

Campos Neto lembrou que a necessidade do “plano b” surgiu durante a pandemia, quando o governo lançou um programa de transferência de renda – o auxílio emergencial – que era disponibilizado em contas virtuais pela Caixa Econômica, mas muitas pessoas iam às agências para sacar o dinheiro, o que resultou em uma falta de cédulas.

“Como foi uma transferência muito grande e começou a faltar cédula, no mundo emergente, quando falta cédula as pessoas podem associar dificuldades dos bancos e não é isso. […]

Aquele episódio me ensinou que a gente não tinha um plano b, chegamos muito próximo do governo não conseguir fazer o programa de transferência porque não tinha papel moeda”, afirmou durante palestra .

O Pix foi lançado em outubro de 2020 e, desde o início, teve muita adesão. De acordo com Campos Neto, atualmente existem 765,5 milhões de chaves registradas no pix, com 151,2 milhões de pessoas e 14,6 milhões de empresas.

Em junho, foram registradas 5,3 bilhões de transações, um aumento de 60% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando 3,3 bilhões de transferências foram realizadas. O maior número de operações registradas em um dia foi de 224,2 milhões.

Já o Drex, segundo Campos Neto, tem três dimensões de vantagens: insere o conceito de tokenização dos bancos e, como consequência, os preços dos produtos bancários reduzem e gera mais inclusão; aumenta a eficiência e diminui custos de negociações com grandes volumes financeiros, como compra de carros e casas; e tem programabilidade de dinheiro – para pagamentos recorrentes.

“Pega o que o pix fez e leva pra um grau diferenciado”, afirmou.

O real digital está previsto para ser lançado em 2025.

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