Ninguém se lembra mais de Marinho Chagas

26 de Novembro 2022 - 21h14

Essa semana, voltei a lembrar de Marinho Chagas. Durante o jogo do Brasil contra a Sérvia, o ex-craque Juninho Pernambucano, ao aparecer a figura do Roberto Carlos, lateral esquerdo, fez elogios e o colocou o paulista como o maior da história do Brasil na posição. Novamente tremi nas bases ao constatar mais essa injustiça e o completo esquecimento de nossa "Bruxa" e lembrei de um texto que escrevi rebatendo outro cara que também admiro, o Juca Jfouri, por dizer a mesma coisa, e píor,  por citar vários outros nomes da posição e esquecer Marinho.

Veja abaixo:

Até tu, Juca?

O velho bairrismo. Até tu Juca? Li no blog do jornalista que considero como um dos melhores do Brasil uma apologia tripla, espécie de comparação, e me pareceu tão absurda que, sei lá, me atrevo a rebater.

Ele fala de laterais esquerdos. Cita Roberto Carlos, Nilton Santos, que entrevistei, com orgulho, nos meus tempos de repórter do Diário de Natal,  mas não vi jogar, e Marcelo, titular da seleção brasileira em sua segunda Copa do Mundo.

Enaltece o paulistano Roberto que foi destaque do Real Madrid e outros clubes, eleito , eu não lembrava, segundo melhor jogador do mundo, em 1997, ficando atrás de Ronaldo Fenômeno.

Roberto Carlos. Juro! Quero ter boa vontade para elogiá-lo além do chute potentoso e certeiro, juro, mas não vejo essas qualidades. Pode, Juca, pode sim você me colocar na lista dos analistas malucos.

Um bom jogador, apenas, de um chute descomunal. E como era um atleta excepecional, preparo fisico invejável, que nunca se machucava e esteve sempre, aliás como outro endeusado ala, Daniel Alves, no lugar certo e na hora certa, conquistou muitos fãs e adeptos na sua carreira.

Méritos? Claro que ele tem. Eles têm, mas aí chegar ao absurdo de elogiar os dois recentes camisas 6 da seleção e ignorar um tal de Marinho Chagas, é demais! Meu coração velho potiguar bate descompassadamente doido para lhe responder e fazer você voltar no tempo, Juca, afinal, somos quase contemporâneos.

Não é possível que você ache que Roberto Carlos chega aos pés daquele Marinho "gigante menino" de ABC, Náutico, que você não viu, mas que, certamente testemunhou vestido com a camisa gloriosa do Botafogo ou angustiando os mesmos alvinegros irritados com sua "traição", envergando a camisa tricolor Fluminense.

Vai dizer, Juca, que aquele lateral esquerdo que encantou o mundo na Copa de 1974, que injustiçado por um treinador milico, em 1978, quando estava no auge do talento,  jogava menos que o limitado, se compararmos os dois,  Roberto Carlos???

Que pena não poder fazer  voltar no tempo e ficar repassando e comparando os dois, lance a lance, passe a passe, gol a gol, dificuldade a dificuldade. O Jeito de pegar na bola, de conduzir, o passe, o drible, o domínio no peito, a cabeça erguida...não, não e não, caro Juca!

Será que a devoção que Franz Beckembauer tinha pelo nosso maluco da maré, cria das "Quatro Bocas" era somente por amizade? O alemão,  Marinho mesmo me disse certa vez, e estava sóbrio, cansou de procurar por ele, e o achar, nas mesas de jogo (altíssimas) quando estiveram juntos nos Estados Unidos, defendendo o Kosmos de Nova Iorque.

Para o gênio da Copa de 1970, aquele que jogou uma semifinal com a cravícula trincada, Marinho Chagas era tão importante para os jogos do time milionário americano como o próprio Pelé...

Por favor, seu Juca!!! Se Roberto Carlos nascesse trinta vezes, melhorado, ainda não teria o talento de Chiquinho. O centroavante do juvenil do Riachuelo, o lateral esquerdo atacante, marcador de gols antológicos que precisava ser marcado como se fora artilheiro camisa 9, aquele maluco que, na sua estreia pelo Fogão, num clássico de milhões (antigamente) contra o Santos, no Maraca, teve a ousadia de dar um chapéu no Rei.

Eu sei, eu sei. Roberto Carlos construiu uma carreira sólida. Um patrimônio mais ainda, acho, encerrou a carreira com glória, respeitado, sem noticiário infeliz, ao contrário de nosso conterrâneo. O paulista nunca foi esquecido, e até maltratado, por absurdo que possa parecer, pela sua própria gente, como foi nosso querido Marinho Chagas em seus últimos dias de calvário aqui na terra, vítimas de doenças acumuladas e nunca, devidamente, tratadas.

Tudo isso que o lateral da cidade de Garça/SP, que despontou no União São João, de Araras/SP, até pode ser levado em consideração. Mas estamos falando de futebol, de talento, de magia, de essência, ou devemos, seguindo exemplo,  apagar da memória de todos os brasileiros um tal de Manoel dos Santos, mais conhecido por Garrincha, simplesmente porque não fez carreira na Europa, não ficou rico e padeceu da doença do alcoolismo?

Meu caro Juca, Nilton Santos, volto a dizer, não sei, nunca vi mais que alguns lances, mas Roberto Carlos e Marcelo, o ex e o atual ala da seleção, se você juntar as qualidades dos dois ainda digo que um Marinho Chagas, só, é bem melhor.

Dias desses, até estou com medo, vai surgir algum jornalista conhecido do mundo da bola, afirmando que Fernandinho, Paulinho e Mascherano, para citar esses três, dividem as honras de melhores jogadores do mundo na posição, e esqueçam que existiram jogadores como Toninho Cerezo, Falcão e um tal de Franz Beckembaues (já citado acima).
 

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