"O segredo é fazer cada jogador chutar 200 vezes todos os dias"

06 de Novembro 2023 - 02h44

Lá vai eu, fazia tempo que não tomava um café com tapioca recheada na padaria Estrela D´Alva, nas Rocas. Me sentei, fiz um pedido e esperei. Alguns conhecidos, sempre, Galileu, ex-Força e Luz, amigo de longa data, chega, conversa e sai. Um senhor, não o conhecia, me reconhece, me acena, faz o pedido dele e senta do meu lado. 

Claro, que sei que sou obrigado a dar atenção, até porque vivo do futebol e é assim.

Ele puxa assunto e me chama de "Seu Edmo". Primeiro fala do título do Fluminense e entra no assunto de nosso futebol. E me pergunta, que eu já sei que é ele quem vai dar a resposta, se eu sabia qual o problema do futebol potiguar. 

Até pensei que, por ser minha bandeira, ele entraria no assunto de apoio às bases.  Me enganei redondamente e ele foi logo dizendo que tinha jogado no Vasco de Jonaldo Batista, ex-árbitro, já falecido, time lá das Quintas. E não poupou elogios a si mesmo. Dizendo que era perfeito na batida da bola e que nunca havia perdido um pênalti ou chutado uma bola fora em cobranças de faltas.

Faltava ele dizer o "problema de nosso futebol". E eu agoniado, pois não tem coisa pior que conversas em hora de refeições, qualquer que seja. E ele, enfim, explica o que falta aos nossos atletas. "desde menino, eu tenho isso comigo. Fazia um quadrado, espaço de 30 metros e ficava chutando no gol para um colega da rua e ele chutando de volta. A gente improvisava uma trave, e colocava ainda mais um lacinho nas 'forquilhas'. onde 'a coruja dorme' e por isso nunca errava. É treino que falta", decretou.

"Se todo treinador obrigasse cada jogador dar 200 chutes por dias, duvido que os nossos times perdessem tantos jogos e a gente ficasse nesse jejum de gols de falta, sem falar nos pênaltis que esses caras que ganham milhões perdem".

E encerrou a conversa (quer dizer, eu encerrei me levantando para pagar a conta) falando dos milhões que o Fortaleza e o Palmeiras perderam por não saber cobrar pênalti. Concordei, não tinha outra coisa a fazer e me despedi.

 

 

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