Policial militar agride dona de casa com soco no rosto no interior de SP
Um vídeo mostra o momento em que um policial militar agrediu uma mulher com um soco no rosto no Jardim Santa Amália, em Campinas (SP). O caso ocorreu em 21 de outubro, mas as imagens foram obtidas pela EPTV nesta segunda-feira (9) . A notícia é do g1.
Nas imagens, é possível ver que três policiais cercaram a mulher antes da agressão. A abordagem aconteceu após a filha da dona de casa acionar a polícia por conta de uma discussão entre as duas.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informou que não havia recebido as imagens da agressão à mulher e que, à época, o caso foi registrado como lesão corporal, resistência e violência doméstica. Segundo a pasta, agora a PM vai analisar o vídeo para apurar a conduta dos policiais
Já o Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI-2) informou que, assim que forem identificados, os policiais envolvidos serão remanejados das atividades para apuração. Leia mais abaixo.
Policial segurava algemas
À EPTV, a mulher contou que o policial militar segurava algemas no momento do soco. As imagens da câmera de segurança mostram que o homem levou a mão ao cinto e pegou um objeto antes de agredir a moradora.
"O policial logo no começo já foi agressivo comigo com as palavras. Falou que se eu não ficasse quieta, ele iria quebrar minha cara. Ele me deu voz de prisão e eu perguntei o porquê. Ele disse 'a senhora fica quieta ou eu vou quebrar sua cara'. Nesse momento, comecei a falar alto para meus vizinhos escutarem e ficarem atentos, porque eu senti medo dele nessa hora", contou a mulher, que preferiu não ser identificada.
Ainda de acordo com o relato da dona de casa, ela foi atingida na boca. “Depois de ele bater, ele jogou a minha cabeça no chão. Na hora eu desmaiei, eu não enxergava, não ouvia. Caí no chão desmaiada. Meus vizinhos pediram para chamar o Samu para me socorrer, eles não deixaram, me colocaram algemada dentro da viatura e me levaram para o pronto-socorro”.
No pronto-socorro, a dona de casa disse não ter recebido atendimento no primeiro momento. “Uma enfermeira chamou a atenção do doutor e tiraram raio-x da minha cabeça, mas eu não soube o resultado. De lá eu fui para a delegacia com a mesma viatura que me levou para o hospital”, relatou.
Medo e ameaças
A mulher afirmou ter dito ao policial que não denunciaria a agressão por medo, mas que “Deus ia cobrar”. “Ele falou 'você pode denunciar na Corregedoria, onde você quiser, porque eu sei onde você mora'. E isso me deixou com mais medo ainda”, lembrou.
No boletim de ocorrência registrado na data da agressão, os policiais militares relataram que a mulher se negou a ir à delegacia, “além de ter dito que os policiais eram de merda e lixo”. Também foi relatado que a moradora “tentou desferir um soco no rosto do policial, o qual revidou com um golpe contundente, com o uso moderado da força, para conter a resistência e algemá-la”.
A moradora, no entanto, diz que essa versão dos fatos é mentirosa. Há trechos do vídeo com pequenos cortes, mas de acordo com a mulher, não houve edição. As pausas teriam ocorrido por conta do próprio sistema de câmeras.
“Nunca, jamais eu iria fazer uma coisa dessas. Em nenhum momento eu xinguei ou agredi, não pus a mão neles em momento algum e não falei com palavras, nada, não xinguei”, relatou.
“Emocionalmente eu estou acabada. Eu não durmo, não tenho vontade de comer, de fazer nada. Me destruiu psicologicamente. Fisicamente, ainda estou sentindo dor na boca, fiquei com uma cicatriz no rosto, sinto dor na cabeça porque ainda não consegui fazer o exame. Estou destruída”, lamentou a dona de casa.
Posicionamentos
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) afirmou que não teve acesso às imagens para que o caso fosse devidamente apurado. “A PM vai analisar as imagens, assim que divulgadas, para apurar a conduta dos policiais e tomar as medidas cabíveis”.
Também em nota, o Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI-2) disse que a corporação “irá adotar providências imediatas para a rigorosa apuração dos fatos para responsabilização dos envolvidos. Identificados os policiais serão remanejados das atividades operacionais para a apuração”.
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