Presídio viabilizou aliança de dois chefes de facção e aumento da violência no RN
Muito se fala que o tráfico de drogas no Brasil é comandado de dentro dos presídios. Contudo, quando essa afirmação é feita pela autoridade policial, citando um exemplo direto, a notícia choca muito mais. E foi isso que aconteceu esta semana, quando a Polícia Civil do RN deflagrou uma operação para prender "quem já estava preso". O detalhe é que dois dos quatro detentos não só comandavam o tráfico, como também estavam liderando uma facção criminosa, conhecida nacionalmente, de dentro da Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga, o pavilhão 5 de Alcaçuz. Ou seja: eram responsáveis, também, por boa parte da violência que o RN vivencia atualmente.
Outro detalhe dessa situação é que os dois foram "unidos" pelo próprio Estado. Afinal, Carlos Alexandre Martins Salviano, conhecido como "Nem da Abolição"; e Jussiê de Araújo Santos, o "Siê de Mãe Luiza", se reencontraram dentro do presídio e, juntos, firmaram a tal aliança para liderar a facção criminosa.
Nem da Abolição foi preso em fevereiro de 2020 e tem a "fama" de ser um dos fundadores da facção criminosa conhecida como "Sindicato", que atuavam em Mossoró e, depois, migrou para Natal e Grande Natal, segundo informações da Divisão de Combate ao Crime Organizado, a Deicor, divulgada em março deste ano. Essa "migração", inclusive, foi viabilizada porque, mesmo preso, Nem continuou comandando o crime - e sendo alvo de operações da própria Deicor.
Por sinal, uma dessas operações da Deicor já havia deixado clara a ligação entre Nem da Abolição e Siê: foi a 6ª fase da Operação 1814, deflagrada no dia 18 de agosto desse ano, e que apontou que, mesmo preso, Nem viabilizava a venda de drogas para líderes do tráfico em diferentes bairros de Natal. Dentre eles, Siê de Mãe Luiza.
Siê só veio a ser localizado dias depois, no Rio de Janeiro. O Metendo a Colher, vale lembrar, noticiou a prisão ocorrida em um flat carioca, destacando que as investigações já apontavam que ele integrava o Comando Vermelho - antigo aliado do Sindicato no Rio Grande do Norte. Assista:
Mesmo com esse "histórico", acabou que Siê e Nem da Abolição se reencontraram dentro da penitenciária Rogério Coutinho Madruga e, obviamente, os "negócios" rapidamente foram reaquecidos. Em poucos meses, eles já seriam novamente alvo de uma operação, a nova fase da 1814, deflagrada esta semana.
As investigações, inclusive, apontaram que havia outros dois detentos envolvidos no esquema: sendo um na Penitenciária Estadual de Parnamirim, onde está Mikael Diego Silva da Costa, conhecido como “Gudan”; e outro na Cadeia Pública de Ceará-Mirim, local em que Rafael Rúbio de Oliveira cumpre pena.
Vale destacar que as operações foram resultante de investigações da HÓRUS do programa V.I.G.I.A. da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (SEOPI/MJSP). A Polícia Civil solicita que a população continue enviando informações, de forma anônima, por meio do Disque Denúncia 181, ou dos números da DEICOR: (84) 3232-2862 ou (84) 98135-6796 (WhatsApp).
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