Propostas para fim do rotativo não podem comprometer sistema de vendas no Brasil, diz Haddad

14 de Agosto 2023 - 17h58

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu um olhar mais criterioso para o fim do juros rotativo do cartão de crédito. A medida foi defendida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na semana passada em audiência no Senado Federal.

Em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo — gravada na sexta-feira (11) e divulgada nesta segunda-feira (14) — Haddad afirmou que apesar das taxas serem abusivas, chegando a mais de 400% ao ano, é preciso observar a forma de consumo das famílias brasileiras e como afeta o varejo.

“Tem que proteger o consumidor, mas não comprometer o sistema de vendas, que é o padrão de compras brasileiro. Até alimento é comprado assim”, afirmou.

Segundo informou a CNN, Haddad foi questionado sobre a proposta de Campos Neto em extinguir o crédito rotativo do cartão de crédito. Em audiência no Senado Federal, ocorrida na quinta-feira (10), o presidente do BC afirmou que a medida seria uma forma de combater a inadimplência que, segundo ele, nos últimos dois anos e meio, chegou a 52%.

A ideia então seria encaminhar os devedores direto para o parcelamento da dívida, que teria taxas de juros em torno de 9% ao mês. A solução deverá ser apresentada pelos técnicos do BC nos próximos 90 dias.

“Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão, vai direto para o parcelamento. E criar algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento tão logo. Não é proibir (o cartão de crédito), mas fazer com que fiquem mais disciplinado para não afetar o consumo. Lembrando que cartão de crédito é 40% do consumo do Brasil”.

Corte de Juros

Na entrevista desta segunda, o ministro também voltou a dizer que se surpreendeu com a “demora” no corte da taxa básica de juros. Segundo ele, havia uma angústia no governo, pois “existiam razões técnicas” para o corte e havia uma preocupação generalizada caso não ocorresse.

“Uma coisa que me surpreendeu foi a demora do corte de juros. Estávamos angustiados porque já existiam razões para o corte de juros. Não poderíamos confiar no PIB do primeiro trimestre, pq o primeiro trimestre era agro, em abril começaria a desaceleração. Se não viesse o corte de agosto, não sei o que iríamos fazer”, disse.

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