Registro de filha de ex-ajudante de Bolsonaro é anterior à liberação de vacinação para crianças
Os registros de vacinação das filhas do tenente-coronel do Exército Mauro Cid indicam que elas teriam recebido a primeira dose da vacina contra covid-19 quando ainda não havia começado a campanha de imunização para crianças e adolescentes. Além disso, teriam tomado Jassen quando tinham menos de 18 anos, o que não é permitido.
Cid e as três filhas teriam tomado três doses da vacina em Duque de Caxias (RJ). De acordo com os registros, considerados fraudulentos pela PF, eles foram imunizados no Centro Municipal de Saúde da cidade. Segundo a PF, em dezembro de 2022, quando os dados das imunizações deles foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde, as meninas tinham, 5, 14 e 18 anos.
As doses teriam sido aplicadas nos dias 22 de junho, 8 de setembro e 19 de novembro de 2021. O registro mostra que o tenente-coronel e as três meninas tomaram duas doses da Pfizer e uma da Janssen cada um.
A caçula não tinha idade para ser vacinada. Quando supostamente tomaram a primeira dose, as filhas teriam, no máximo, 4, 13 e 17 anos. Acontece que a Anvisa só autorizou a aplicação da vacina da Pfizer em adolescentes a partir de 12 anos em 11 de junho de 2021, 11 dias antes da suposta primeira dose.
Além disso, Duque de Caxias só começou a vacinar jovens dois meses depois da suposta primeira dose. Segundo registro no site da prefeitura, a cidade só começou a vacinar adolescentes (com prioridade àqueles com deficiência e comorbidades) em agosto de 2021.
A filha mais nova não poderia ter recebido nenhuma das vacinas nas datas dos registros. A Anvisa só liberou o imunizante para crianças entre 5 e 11 anos em 16 de dezembro de 2021, nesta data ela ainda teria 4 anos. As primeiras crianças só foram vacinadas no Brasil em janeiro de 2022, quando a caçula já tinha as três doses registradas. Já para a faixa etária inferior (6 meses a 4 anos) o imunizante só foi liberado em setembro de 2022. A dose de reforço só foi recomendada para crianças neste ano.
A PF também afirma que as filhas mais velhas do tenente-coronel estavam em Brasília nas datas em que elas supostamente tomaram as duas primeiras doses da vacina na cidade da Baixada Fluminense. A informação foi obtida a partir da análise de mensagens de Whatsapp, decorrentes da quebra de sigilo.
Para os investigadores, a informação "reforça os indícios de novas inserções falsos de vacinação contra a covid-19 no sistema SI-PNI do Ministério da Saúde".
Com informações de UOL
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