Relatório da CGU aponta irregularidades no programa que substituiu Mais Médicos

03 de Setembro 2024 - 16h08

Uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), que investigou parte do programa Médicos pelo Brasil, apontou uma série de irregularidades cometidas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Criado em 2019, por meio de Medida Provisória (MP) para substituir o Mais Médicos, o projeto teve casos de má utilização do dinheiro público e nepotismo identificados pela CGU.

Para implementar o novo programa, Médicos Pelo Brasil, o governo Bolsonaro criou a Adaps, a Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps) em março de 2020, por meio de decreto presidencial.

A Adaps fechou contratos que passaram a abrigar familiares e amigos dos dirigentes da agência.

A investigação da CGU veio após uma série de denúncias à Justiça do Trabalho por irregularidades no contrato de consultores.

O relatório da CGU aponta conflito de interesses dentro do processo de contratação para as vagas de consultoria da agência. A CGU descobriu que o processo seletivo para participar da Adaps foi feito, em grande parte, para beneficiar pessoas próximas aos dirigentes da agência – cônjuges, familiares ou amigos.

Além do nepotismo, a CGU também verificou que vários contratos de consultoria, que obrigatoriamente exigem a apresentação dos produtos finais após o vencimento do prazo estabelecido, não foram sequer apresentados.

A auditoria concluiu que os consultores foram pagos, sem comprovação de que tivessem concluído seus trabalhos.

A CGU ainda observou que foram contratadas para trabalhar na Adaps pessoas que já são do quadro do Ministério da Saúde, não podendo acumular as duas funções.

O relatório concluiu que “verificou-se a inobservância de princípios que regem à administração pública, em especial os de legalidade, impessoalidade, publicidade, isonomia, transparência e eficiência, com potencial prejuízo ao erário relativo aos produtos de consultoria”.

Procurados pela CNN, os ex-ministros Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga — que chefiaram a pasta da Saúde durante a implementação do Médicos pelo Brasil — ainda não fizeram comentários.

CNN

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