Por Júnior Lins
Acredito que deveria ter seguido o conselho do cineasta Jordan Peele e "não olhar" de maneira alguma. Nunca vi um nome de um filme ser tão condizente com a história.
Antes de falar sobre a tragédia de Peele, vou narrar minha saga de 100% mau aproveitamento: dois filmes ruins em dois dias.
Na quinta-feira (25), gastei meu tempo ao ver o polêmico Lightyear. Olha só, se fosse tão bom quanto o que causou de confusão, seria sensacional. Tem países que até proibiram cenas gays, porém passa quase imperceptível aos olhos o ato LGBTQIAP+.
O filme é fraco. Fui ver ansioso para saber a real história do patrulheiro do Comando Estelar e acabei vendo o que a Disney deve, certamente, colocar como algo alternativo. Seria um erro absurdo dar sequência.
A Disney se perdeu em uma história distante de ser atrativa. Um loop temporal prende o herói e desprende quem pensar em assistir. Nem a voz do eterno Capitão América, Chris Evans, salvou a obra.
Buzz é um patrulheiro que prende seu povo em um planeta com uma vegetação "hostil". No desenrolar da história, Lightyear acaba conhecendo seu arquirrival, o Zurg.
Uma coisa que irrita é a prioridade em situações bobas e a falta de zelo com a apresentação, por exemplo, do principal inimigo do herói. Em todo momento, clichês se espalham pelo ar: parente da melhor amiga vira "menina prodígio", equipe desastrada vira a ideal e tudo dá certo.
Não que eu seja inimigo dos clichês, mas a história vaga em Lightyear foi minha dor nos olhos na quinta. Como já disse: a polêmica em torno da cena lésbica sequer me chamou atenção. A falta de qualidade do roteiro é o principal problema.
Infelizmente, o herói eternizado pelo Toy Story não conseguiu ter um filme à sua altura. Zero recomendo que seja assistido.
Agora, vamos ao filme que me fez perder tempo nesta sexta-feira (26): Não! Não olhe!
Desisto da ficção científica depois dessas duas experiências. A obra de Jordan Peele tinha tudo para me prender: bons atores e uma pegada sobrenatural extraterrestre.
Fui animado após ver "Corra!", que também é de Peele, e tinha como ator principal o mesmo de Nope (nome em inglês e bem mais legal), Daniel Kaluuya.
Kaluuya interpreta OJ, um fazendeiro que tem seu pai morto e começa e negociar com Ricky Jupe, interpretado por um ator que eu admirava bastante por conta de Glen em The Walking Dead, Steven Yeun.
O filme é tão sem futuro que gasta gratuitamente a participação de Yeun e conta uma história obscura do seu passado como uma ponta solta. Ok que o intuito era mostrar algo sobre violência animal, mas tem um ataque de chimpanzé "gratuito" no filme.
Ah, vale destacar que a obra é inteira ligada ao mercado cinematográfico. Tanto que o principal objeto de OJ e da sua irmã, Emerald, interpretada por Keke Pálmer, é gravar um vídeo do "mal-assombro" no céu.
Dei esse adjetivo só para parecer que o filme tem graça. Até na nomeação do monstro há um claro vacilo, o apelido dado pelos protagonistas à criatura maligna é "Jaqueta Jeans". Daí você tira o naipe.
O monstro é bem estranho. Parece uma nave espacial e depois vira um vestido de noiva no céu. Nem o nome do filme é fidedigno. (Spoiler) Chega um momento em que "não olhar" para de resolver.
Se a intenção era mostrar a falta de zelo com animais de filmes, Jordan poderia ter feito isso de uma forma menos estranha. Até agora não sei se a obra é de terror, comédia ou ficção. Não tem nem como criar apego a personagens, pois todos são mal abordados. Parecem que não tem história. Isso fica nítido a ponto de, no fim, nada ter desfecho.
Enfim, mais um que eu zero recomendo.
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