O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu suspender, por 45 dias, sem remuneração, o auditor da Corte Alexandre Marques, que elaborou um documento apócrifo, usado depois, inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para disseminar uma teoria sem qualquer base fática de superestimativa de mortes por Covid-19.
A comissão que analisou o caso a pedido da corregedoria apresentou relatório final em 23 de agosto. O relatório elaborado abria a possibilidade de conversão da suspensão em multa.
No entanto, a secretaria-geral de Administração do TCU optou pelo caminho mais duro, excluindo a possibilidade de permuta da suspensão por multa.
Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, o auditor da Corte que foi penalizado, alegou ter feito um ensaio sobre o número de mortes por Covid-19.
No entanto, a área técnica à qual ele era vinculado não viu qualquer sentido em fazer um estudo nos termos sugeridos. Ele, então, encaminhou o ensaio pra o pai, que ocupa um cargo de confiança na Petrobras.
Na sequência, Bolsonaro disse que um documento do TCU informava que 50% das mortes por Covid-19 poderiam ser superestimadas. A Corte negou oficialmente ter elaborado qualquer relatório, acórdão ou auditoria neste sentido.
Nas redes sociais, o ensaio de Alexandre Marques recebeu um selo falso do TCU. O caso levou à abertura de investigação interna, que agora o leva à suspensão, e também o colocou na mira da CPI.
À CPI, Alexandre Marques afirmou que fez um levantamento de “algumas informações públicas para provocar um debate junto à equipe de auditoria” e que teria enviado o documento ao seu pai, em formato Word, sem o cabeçalho com o escrito “Tribunal de Contas da União”.
Durante seu depoimento à CPI, em julho, Marques confirmou que o “estudo paralelo” que contestava número de mortos por Covid-19 era preliminar e foi descartado no TCU. Ele afirmou ter ficado “indignado” ao saber que o pai compartilhou o documento com o presidente.
O pai de Marques é colega de Bolsonaro desde a época da Academia Militar das Agulhas Negras e trabalhou junto ao presidente no Exército. No depoimento à comissão, Marques afirmou que eles “mantêm contato”. O pai teria repassado o documento ao presidente, que apresentou o levantamento atribuindo-o oficialmente ao Tribunal e já com o cabeçalho incluso.
Para o TCU, Alexandre Marques quebrou uma série de normas da administração pública, entre elas ter atuado sob viés político e ideológico, em detrimento do técnico.
*Com informações da CNN Brasil
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