Varíola dos macacos chega ao RN: devo me preocupar?

02 de julho 2022 - 10h00

A pandemia da Covid-19, graças aos avanços na vacinação, tem intercalado entre altos e baixos índices, porém nada se compara à situação terrível de superlotação e números altíssimos de mortes que vivemos há algum tempo atrás. O momento é mais como um "alívio", tanto que as restrições foram reduzidas. No entanto, mal começamos a retomar a normalidade e outro vírus já começou a assombrar novamente a população: a varíola dos macacos.

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) informou na sexta-feira (1º) que foi confirmado o primeiro caso da Monkeypox no Rio Grande do Norte. Um homem com histórico recente de viagem à Espanha foi o primeiro caso relatado em Natal.

Conforme informado pela pasta, o paciente está bem e está recluso para evitar contaminações até que possa receber alta.

Até o momento, conforme dados do Ministério da Saúde, são 49 casos registrados no Brasil. Sendo um no RN, um em Minas Gerais e um no Ceará, apenas confirmados nessa semana. Há ainda 36 registros apenas no Estado de São Paulo, oito no Rio de Janeiro e dois no Rio Grande do Sul.

Um perfil já definido para os pacientes é que o sexo que predomina entre infectados é o masculino. Entre os casos confirmados, o Ministério da Saúde informa que todos são do sexo masculino. Já entre as suspeitas, 33 são homens e 14 são mulheres.

Vale lembrar também que a varíola causada pelo vírus monkeypox é endêmica em países nas regiões central e oeste do continente africano. Surtos em outros países já ocorreram, como em 2003 nos Estados Unidos, com 70 diagnósticos. Nenhum deles, porém, é tão grande como o visto agora, com mais de 5.000.

SINTOMAS

Diferentemente de outras doenças, ainda não há um caminho exato para identificar à primeira vista se realmente a pessoa está passando pelos sintomas do monkeypox. Cientistas do Reino Unido divulgaram na sexta o primeiro estudo que analisa os casos de varíola dos macacos registrados no país.

A pesquisa concluiu que os novos pacientes apresentam sintomas diferentes daqueles registrados normalmente em surtos anteriores, principalmente em países da África Ocidental e Central.

Uma análise de 54 pacientes com varíola em Londres, todo homens, foi publicada na revista científica The Lancet Infectious Diseases e apontou que apenas 57% dos infectados tiveram febre, em comparação com a média de 85% a 100% dos casos em surtos anteriores.

O estudo também registrou que, anteriormente, era comum pacientes apresentarem mais lesões espalhadas pelos membros, rosto e pescoço. No entanto, em três quartos dos casos do Reino Unido, as lesões estavam apenas em uma ou duas áreas, principalmente na região genital. 

Os 54 pacientes observados representam 60% dos casos relatados no Reino Unido durante o período de estudo (12 dias). Todos, exceto dois, não sabiam ter tido contato com um caso conhecido e nenhum deles relatou viagens à África Subsaariana, mas muitos visitaram recentemente outros países europeus.

Todos eles se identificaram como homens que fazem sexo com homens e têm idade mediana de 41 anos. Noventa por cento dos que responderam às perguntas sobre atividade sexual relataram pelo menos um novo parceiro nas três semanas anteriores aos sintomas, e quase a totalidade (49/52) revelou uso inconsistente do preservativo no mesmo período. Mais da metade dos pacientes teve mais de cinco parceiros sexuais nas 12 semanas anteriores ao diagnóstico.

Os pacientes eram todos sintomáticos e apresentavam lesões de pele; 94% tinham pelo menos uma na região genital ou perianal. A maioria teve uma doença leve e se recuperou durante o isolamento domiciliar, mas cinco indivíduos necessitaram de internação hospitalar devido à dor ou à infecção das erupções cutâneas. Porém, 100% desses melhoraram e receberam alta em sete dias.

COMO PEGA

O meio de transmissão conhecido é através do contato físico interpessoal próximo. Face a face, pele a pele. Outros modos de transmissão podem ser através de erupções na pele, olhos, boca e membranas mucosas ao redor da área genital.

Por essa razão, os profissionais de saúde que estão cuidando de pacientes com erupções cutâneas ou que já foram diagnosticados com varíola do macaco são aconselhados a usar máscara.

Há  também a possibilidade de transmissão através de gotículas que são expelidas quando se fala.

Outro ponto que se sabe é que profissionais de limpeza ou lavanderia foram infectados, possivelmente porque ingeriram partículas ao manusear roupas de cama ou toalhas.

VACINA

Por se tratar de algo mais antigo, já há uma vacina específica para tratar a varíola dos macacos. Porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que ainda está avaliando a quantidade e a eficácia das vacinas contra a varíola disponíveis para distribuição em quantidades relativamente pequenas a países onde foram detectados casos.

No entanto, esse imunizante ainda não é recomendado para a população em geral para evitar a propagação da doença, mas apenas para grupos de risco.

A vacinação consiste de duas doses, administradas com ao menos 28 dias de intervalo. Para quem tomou a vacina de varíola quando criança, apenas uma dose é suficiente. 

Um "surto global" ainda não foi declarado pela OMS, mas pode ser em breve. Os Estados Unidos já se anteciparam e iniciaram uma campanha de vacinação em massa contra o Monkeypox.

 

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