Varíola dos macacos: Médica que atendeu primeiro caso no RN alerta para cuidado nas relações íntimas

05 de Agosto 2022 - 09h33

Por William Medeiros.

Após os problemas causados pela Covid-19, o Rio Grande do Norte acompanha com tensão as notícias relacionadas a varíola dos macacos, doença transmitida pelo vírus Mokeypox. A grande preocupação se encontra, principalmente, em um dos sintomas característicos: as lesões na pele. Para se ter noção do avanço da infecção no estado, os municípios de São Gonçalo do Amarante e Mossoró registraram casos suspeitos nesta semana. Até hoje (5), estão confirmadas duas infecções, dezoito suspeitas e dez descartadas. 

Um dos casos em investigação está em Mossoró, na Região Oeste potiguar. O paciente é do sexo masculino e tem histórico de viagem. No entanto, ainda não há notificação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap). A confirmação só pode ser feita "após análise nos laboratórios de referência listados pelo Ministério da Saúde. No caso do Rio Grande do Norte, as amostras são enviadas para a Fiocruz, no Rio de Janeiro. A orientação é da Coordenação Geral dos Laboratórios", disse nota do órgão.

O paciente suspeito de infecção com a doença é de São Gonçalo do Amarante tem 37 anos, teve contato com pessoas que viajaram recentemente. Segundo a secretaria municipal de saúde, ele está em casa, isolado. 

Ambos os casos, de São Gonçalo do Amarante e Mossoró, tiveram registro da possibilidade de infecção na última terça-feira (2).

Um levantamento feito pela Sesap mostra onde estão os pacientes suspeitos de terem contraído a doença atualmente. Confira:

Fonte: Sesap.

Expansão dos casos

A estudante do curso técnico em enfermagem Tayane Carvalho é uma das pessoas que teme a expansão da doença. "Tenho medo que se propague e que se tome a dimensão da Covid. Principalmente, porque começou assim, sem ninguém acreditar e se tornou algo muito maior", conta. 

O Portal 96 conversou com a médica infectologista Dra. Manoella Alves, que comentou sobre como foi a chegada da doença no Rio Grande do Norte. Ela foi responsável por atender o primeiro caso confirmado - juntamente com outra infectologista do Departamento de Infectologia da UFRN, a professora Monica Bay - e é consultora externa da Organização Panamericana de Saúde (OPAS). 

Foto: Sigaa/UFRN.

Segundo a profissional de saúde, o primeiro enfermo confirmado da varíola dos macacos foi tratado no Hospital Giselda Trigueiro. "A gente já imaginava que o primeiro caso estaria por vir, pois temos um fluxo muito grande de vôos Nordeste-europa, que é onde a doença estava acontecendo. Penso que por o Giselda ser um hospital de excelência em infectologia, os primeiros casos, buscariam especialistas do hospital", conta. 

Sintomas e cuidados

"No mundo todo, a copilação dos casos tem mostrado uma variabilidade de sintomas. Mas, em geral, a gente pode ter a febre, a prostração (exaustão) e as lesões na pele - que podem ser em qualquer canto da pele, mas acontece também em região genital", comenta Manoella. 

A infectologista ainda comentou os cuidados que os potiguares devem ter para evitar a infecção. "Evitar o contato com pessoas que estão doentes, com febre ou lesões de pele em investigação. Existe um cuidado adicional a mais que, como a maioria das transmissões tem sido na relação sexual, o ideal é que as pessoas tenham cuidado nessas relações, porque a camisinha e outros métodos de prevenção não tem protegido da doença", afirma. 

Ainda de acordo com Manoella, é importante buscar uma unidade de saúde caso o paciente apresente qualquer sintoma suspeito.

Recomendação da OMS sobre número de parceiros sexuais

Recentemente, tomou repercussão declaração do diregor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, sobre a diminuição de parceiros sexuais para evitar a infecção pela doença, principalmente nos casos de homens homossexuais. “A melhor maneira de fazer isso é reduzir o risco de exposição. Isso significa fazer escolhas seguras para você e para os outros. Para homens que fazem sexo com homens, isso inclui, no momento, reduzir o número de parceiros sexuais, reconsiderar o sexo com novos parceiros e trocar detalhes de contato com novos parceiros para permitir o acompanhamento, se necessário”, disse.

Sobre o assunto, a médica Manoella Alves disse que a recomendação "vem, na verdade, para que a gente encare o problema de frente: como ainda não temos uma forma boa de evitar a doença que não seja diminuir o número de parceiros, em um primeiro momento, essa é a medida que, talvez, ajude melhor a diminuir essa transmissão", comenta.

"Claro que, com a chegada da vacina para todos, a ideia é que se vacine os grupos, atualmente, mais vulneráveis, para que a recomendação mude. Mas, enquanto isso não acontece, já que a doença está se disseminando, principalmente por contato íntimo em relação sexual, uma maneira de diminuir isso é diminuindo os parceiros", finaliza.

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