[VIDEO] Confronto entre facções causam medo nas redes sociais e terror nas ruas da Grande Natal

24 de Novembro 2024 - 15h38

Nos últimos dias, uma série de confrontos armados entre bandidos tomou conta de pontos chaves para o tráfico de drogas na região metropolitana de Natal. Essa "onda" seria consequência de uma "cisão" dentro de uma facção criminosa, detalhada no Jornal das 6 esta semana, por Dinarte Assunção - veja no link acima: 

No episódio mais recente, uma troca de tiros, seguida de ameaças nas redes sociais rapidamente viralizaram na comunidade conhecida como Guarapes, em Natal. Os vídeos, inclusive, foram postadas pelo SOS Policial, de Jeferson Nascimento. 

Contudo, esse não foi o único caso. Em Parnamirim, um homem foi executado com tiros de fuzil dentro de um condomínio. Além disso, uma criança e uma mulher foram baleadas em uma praça nas Rocas, quando um grupo de criminosos procurava dois homens de uma facção rival. 

VEJA, ABAIXO, TEXTO DO BLOG DO DINA SOBRE O ASSUNTO:

Em meados da pandemia de covid, um vírus se inoculou na maior facção organizada do Estado, o Sindicato do Crime do RN, que rachou. De um lado, as lideranças da chamada Sintonia Final, grupo de 7 pessoas que compõem o tribunal do júri do Sindicato, decidiu que não era mais tolerável a forma com a qual o Sistema Prisional tratavam a eles e seus familiares. De outro, emergiu uma radicalização que concordava com esse pleito, desde que pela via da violência com atentados públicos.

A primeira corrente ganhou força e conseguiu benefícios dentro do Sistema Prisional, na escalada de crise que terminou expondo Armelie Brenand, adjunta da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, como face de uma política que supostamente beneficiava presos dessa facção. Mas a fuga registrada em 12 de agosto de 2021 da Penitenciária de Alcaçuz obrigou a SEAP a recrudescer nas regras. O endurecimento agravou a crise no SDC. O racha foi a oportunidade para três dinâmicas se instalarem:

A convocação de dissidentes do SDC que não concordavam com a condução da organização;

A assunção da milícias privadas que viram uma chance para ocupar espaço;

O PCC, que visualizou nos eventos, uma oportunidade de fomentar ainda mais a dissidência e estimulou a criação de uma terceira facção neutra;

Essa é mais uma dinâmica de como o crime organizado se redesenha no RN e é a segunda de uma série de reportagens do Blog do Dina construída a partir de investigações conduzidas pela Polícia Civil do RN, o Ministério Público do RN e a Polícia Federal, a respeito de como organizações criminosas se estruturam e determinam a segurança pública muito mais por suas ações do que pela operação de inteligência do Estado.

O que emerge dos documentos é que tais organizações tem poder de determinar quando e onde a paz será mantida ou interrompida.

A Cisão do Sindicato do Crime do RN sindicato do crime do rn 2

A formalização da cisão dentro do Sindicato do Crime do RN veio em 19 de agosto de 2021, quando uma mensagem de um dos líderes circulou entre membros da organização expondo os motivos pelos quais estava convocando tantos quantos pudessem a adotar neutralidade e não aderir às ordens da Sintonia Final.

A mensagem de neutralidade se fez seguir por uma pactuação de quais regiões de Natal e do Estado estavam aderindo àquela mensagem. A lista demonstra que o Sindicato do Crime do RN tem controle territorial da atividade criminosa no Rio Grande do Norte, pois são listados nessa mensagem as ‘quebradas das seguintes cidades’:

Essas cidades e os bairros de Natal mencionados somam, juntos, quase 600 mil habitantes. Além disso, as torcidas organizadas do ABC e do América são mencionada como signatárias do pacto de neutralidade.

O Decreto da Sintonia Final

Os líderes do Sindicato do Crime do RN identificaram de onde partiu a mensagem de convocação de neutralidade e decretou o rebaixamento de um dos 7 líderes que compunham a Sintonia Final, também conhecida como Fifa. Nesse rebaixamento, ele passou a integrar um grupo chamado CBF, que se dirigia agora à Fifa. Como punição, ele foi impedido de traficar drogas.

Também foi determinado que quem comprasse drogas a ele seria decretado. Como o grupo de Caicó reagiu se articulando para comprar armas, a notícia de que uma crise política se instalou dentro do Sindicato do Crime do RN chegou com bom ânimo ao PCC e às milícias privadas, que aproveitaram o racha para estimular a dissidência e ocupar seus territórios.

O desenho de uma dissidência levou o PCC a enviar emissários aos declarados neutros para a formação de uma facção que se mantivesse, de fato, neutra na guerra territorial pelo domínio do crime no RN. Mas a investida não deu certo porque as lideranças do Sindicato do Crime do RN perceberam que a força emergente que melhor se aproveitava daquele movimento de cisão eram as milícias privadas, compostas por policiais corruptos que também sentiram no ar o cheiro de oportunidade de fazer negócios escusos e tomar as quebradas de posse do Sindicato do Crime do RN.

 

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