Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada pelo IBGE, mostram um aumento preocupante na experimentação de álcool entre adolescentes de 13 a 17 anos. O número subiu de 52,9%, em 2012, para 63,2% em 2019. No Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, celebrado nesta quinta-feira (20), esse dado acende um alerta para os impactos do consumo precoce e abusivo de álcool na saúde física, emocional e social dos jovens. O professor de Psicologia da Estácio, Zacarias Ramalho, ressalta que o uso excessivo da substância representa um grave problema de saúde pública e deve ser tratado como um transtorno.
De acordo com o especialista, o alcoolismo envolve diversos fatores que podem contribuir para a sua instalação, como questões hereditárias, estrutura psíquica, presença de outros transtornos mentais e influências sociais. “O consumo de álcool, especialmente na juventude, muitas vezes está associado à necessidade de pertencimento e à construção da autoestima, o que pode gerar impactos significativos no desenvolvimento emocional do indivíduo”, explica.
Entre os sinais iniciais que indicam que o consumo de álcool pode estar se tornando um problema, Ramalho aponta o isolamento social, a perda de interesse em atividades antes prazerosas e o consumo excessivo e recorrente da substância. “O álcool pode impactar diretamente a cognição e a tomada de decisões, levando a comportamentos impulsivos e a uma menor capacidade de controle moral e emocional. Em muitos casos, a dependência química é um mecanismo de fuga para lidar com conflitos e situações de perigo, fazendo com que o indivíduo perca o controle sobre suas ações”, afirma.
Combate ao estigma abre caminho para buscar tratamento
O psicólogo reforça a importância de combater o estigma em torno do alcoolismo para garantir que mais pessoas busquem ajuda sem receio do julgamento social. “O estigma ainda dificulta a adesão ao tratamento. Por isso, é fundamental conscientizar o indivíduo sobre sua problemática e estimular a busca por apoio profissional e social. O Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo é um momento para reforçar o entendimento sobre os perigos do consumo abusivo de álcool e promover ações preventivas para reduzir os impactos dessa questão na sociedade”, finaliza.
Segundo o especialista, a abordagem humanizada e sem julgamentos pode fazer a diferença na adesão ao tratamento. Ao invés de julgar, a família deve oferecer apoio, evita o contato do indivíduo com a substância e auxilia na busca por ajuda profissional. Por fim, entre as estratégias para prevenir o abuso de álcool entre jovens e adultos, o especialista enfatiza a importância de identificar os gatilhos que levam ao consumo excessivo e de procurar apoio sempre que necessário.