Cinco pessoas foram presas na manhã desta terça-feira, 26, suspeitas de praticar o chamado “golpe do motel”, um esquema de extorsão contra vítimas que frequentavam motéis em Porto Alegre e Região Metropolitana e que estariam, supostamente, sendo infiéis a seus cônjuges. A informação é do Estadão.
Foram cumpridos nove mandados judiciais, sendo cinco de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão nos municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas. Documentos e aparelhos celulares foram apreendidos.
De acordo com o diretor do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos, delegado Ebert Moreira Neto, a investigação teve início em junho, após uma vítima relatar que, no mesmo dia em que utilizou os serviços de um motel, passou a receber mensagens e ligações exigindo dinheiro em troca do silêncio sobre sua presença no local. A partir desse primeiro registro, os investigadores descobriram a atuação de uma quadrilha que monitorava clientes e utilizava as informações para extorquir até R$ 15 mil de cada vítima.
Parte das extorsões feitas pelo grupo criminoso era orquestrada de dentro do sistema prisional. “Cumprimos mandados de busca e apreensão nas unidades prisionais. Apreendemos celulares nas celas dos suspeitos da investigação”, explicou.
Entre os detidos está uma mulher de 27 anos, presa em Eldorado do Sul, responsável pelo monitoramento dos clientes. Foto: Polícia Civil RS
Entre os detidos está uma mulher de 27 anos, presa em Eldorado do Sul, responsável pelo monitoramento dos clientes. “Ela se hospedava nos estabelecimentos, alugava um quarto e fazia imagens e fotografias das pessoas que entravam e saíam. Em seguida, repassava esse material ao grupo criminoso, que utilizava as imagens para as cobranças indevidas”, relatou o delegado.
Questionado sobre a possível conivência dos motéis, o policial descartou a participação dos estabelecimentos. “O motel colaborou com a investigação, fornecendo as imagens para auxiliar na identificação dos envolvidos. O motel, na verdade, também foi vítima, pois os golpistas se passavam por clientes”, esclareceu.
Até o momento, dez vítimas foram oficialmente identificadas, incluindo até mesmo funcionários de motéis, flagrados ao sair do trabalho com seus veículos. No entanto, o número pode ser maior. “Sabemos que esse tipo de crime é de difícil denúncia, pois envolve constrangimento à vida privada das pessoas. Identificamos pelo menos dez vítimas, mas a estimativa é de que outras pessoas também tenham sido monitoradas”, afirmou.
Os criminosos fotografavam as placas dos veículos e, a partir disso, acessavam bancos de dados para identificar os proprietários. “Eles exploravam vulnerabilidades em bancos de dados, tanto públicos quanto privados. A partir das informações obtidas, identificavam não apenas os donos dos veículos, mas também seus familiares e, então, praticavam a extorsão. Trata-se de um crime que envolve grave ameaça contra as vítimas”, disse.
A investigação apura os crimes de extorsão e associação criminosa, mas não descarta o envolvimento de outros indivíduos. “Observamos uma migração desses criminosos, que pertenciam a facções envolvidas em crimes violentos em Porto Alegre, para este novo modelo de golpe, que não emprega violência física, mas se utiliza de grave ameaça”, disse Moreira Neto.