Ao menos 42 detentos foram transferidos da Penitenciária de Emboscada, na região metropolitana de Assunção, após uma vistoria do Poder Judiciário revelar a existência de “celas de luxo” usadas por chefes do narcotráfico e integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A inspeção, realizada na última sexta-feira (22) e liderada pela juíza Sandra Kirchhofer, encontrou quartos com camas, sofás, mesas, frigobares, televisores, ar-condicionado, cozinhas completas, celulares, geladeiras e até banheira de hidromassagem.
Diante das irregularidades, o Ministério da Justiça do Paraguai decretou, na segunda-feira (25), intervenção na unidade, oficialmente chamada de Centro Penitenciário de Reintegração Social Martín Mendoza. O diretor Humberto René Gómez e o chefe de segurança, Alipio Gómez, foram afastados.
Segundo o ministro Rodrigo Nicora, a medida busca encerrar privilégios indevidos: “Não vamos tolerar privilégios em nenhum estabelecimento prisional do país”, afirmou.
De acordo com veículos locais, presos pagavam cerca de 3 milhões de guaranis (R$ 2.250) por mês para manter os benefícios. As acomodações irregulares ficavam em dois andares improvisados no topo de um pavilhão e eram administradas por um detento de confiança da direção.
O caso reacende críticas sobre o sistema penitenciário paraguaio. Em 2017, autoridades encontraram uma “supercela” do traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão na Penitenciária de Tacumbú, equipada com sala de reuniões, móveis de luxo e TV por assinatura. Pavão foi transferido e posteriormente extraditado ao Brasil, onde cumpre pena em presídio federal.