Integrantes do governo dos Estados Unidos (EUA) atuaram nos bastidores para viabilizar a aprovação do chamado PL da Dosimetria, proposta que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro e os outros réus pelos atos de 8 de Janeiro. Segundo relatos obtidos pela coluna, a articulação envolveu pressão direta de representantes norte-americanos e culminou com a aprovação do projeto nessa quarta-feira (17), no Senado Federal. A informaçào é do Metrópoles.
O vice-secretário de Estado de Donald Trump, Christopher Landau, conduziu as tratativas. Por meio de ligações telefônicas a membros do governo brasileiro, Landau pressionou auxiliares do Palácio do Planalto a avançarem com a proposta, em troca de possíveis progressos nas negociações tarifárias entre os dois países. Diplomatas norte-americanos acompanharam de perto a tramitação e a votação do texto no Senado.
De acordo com as informações, após a aprovação da matéria, um integrante da gestão de Trump telefonou para uma liderança do governo brasileiro, parabenizou o resultado e afirmou que a medida representava “um passo na direção certa”.
Negociação no Senado
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), confirmou à coluna que foi responsável por costurar o acordo que permitiu o avanço do PL da Dosimetria. “Houve um acordo de mérito, sim. Fiz a negociação sem consultar [o presidente] Lula e [a ministra da SRI] Gleisi Hoffmann. […] Não vou esconder esse fato”, afirmou.
Questionado sobre o voto do senador Fabiano Contarato (PT), que declarou ter votado “errado” na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Wagner relatou: “Ele me mandou dizer que votou errado. Mas não foi ele quem me falou diretamente”.
Nos bastidores, a avaliação de parlamentares governistas é que a proposta avançou em meio a um ambiente de forte pressão externa e interna, com interlocutores estrangeiros demonstrando interesse direto no desfecho da votação. A leitura é de que o tema extrapolou o debate jurídico e passou a integrar um pacote mais amplo de negociações políticas e comerciais.
Moeda de troca
Na última sexta-feira (12), a gestão Trump retirou a Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes (STF) e sua esposa. Entre os fatores que teriam motivado a decisão está a aprovação do PL da Dosimetria. Como contrapartida, os Estados Unidos tendem a cancelar as sobretaxas aplicadas a produtos brasileiros, como metais, aço e madeira.