O juiz Glauco Coutinho Marques, que atuava na comarca de Gurinhém (PB), a cerca de 70 km de João Pessoa, é um dos alvos da investigação que deu origem à operação Retomada, que apura descontos indevidos de aposentados.
A noticia é do portal METRÓPOLES. O juiz é citado em documento da operação como “figura central” dos fatos investigados e contra quem recaem “as suspeitas de manipulação de atos de jurisdição”. A defesa nega qualquer ilícito.
Na época, ele atuava na comarca de Gurinhém, mas foi afastado cautelarmente no final de 2024.
Documento da operação obtido pela coluna mostra como um grupo de empresários, entidades, advogados e servidores atuava junto ao Judiciário para conseguir decisões favoráveis contra os interesses de aposentados.
A investigação já identificou 11 associações e entidades que moveram 230 ações coletivas na Paraíba. No total, cerca de 100 mil aposentados e pensionistas em todo país foram atingidos e os descontos ilegais somam R$ 126 milhões.
Como mostrou a coluna, Glauco foi responsável por uma decisão relâmpago que, por sua rapidez, chamou a atenção dos investigadores. No caso, ele levou apenas 16 minutos para decidir em um processo.
Segundo a investigação, o grupo se valia da prática chamada de “fórum shopping”, quando há uma escolha estratégica de um juiz ou Vara para julgar com o objetivo de obter uma decisão favorável. No caso da Paraíba, o grupo utilizava a Vara na cidade de Gurinhém e outras cidades.
Segundo as apurações, a articulação junto a Glauco ficava a cargo de Hilton Neto, que teria uma relação “estreitíssima” com o juiz. Ele é apontado como principal articulador do esquema.
O ato, contudo, aponta a investigação, não foi um fato isolado. Outros servidores do foro de Gurinhém foram ouvidos pelo Ministério Público no curso das apurações e um deles chegou a afirmar que entregou um cartão de crédito pessoal ao juiz Glauco.
O cartão, diz a decisão, foi encontrado no imóvel do juiz durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.
A defesa do juiz Glauco Marques, representada pelo advogado Inácio Queiroz, afirmou que o juiz sempre esteve disponível para contribuir com a justiça e nega todas as imputações feitas na representação do Ministério Público, que resultaram no afastamento do cargo de juiz.
O advogado também cita que o processo está sob sigilo, mas destaca que “não há uma única prova ou ao menos indícios que determinem qualquer ligação ou mesmo afetividade e amizade entre Glauco e os advogados das referidas associações”.