Bolsa sobe e dólar cai com expectativas sobre decisões de juros no Brasil e nos EUA
O dólar recua frente ao real nesta quarta-feira (11), recuperando-se de perdas no início da sessão, enquanto o Ibovespa opera em alta, à medida que investidores analisavam uma série dados no Brasil e nos Estados Unidos a fim de projetar a trajetória dos juros em ambos os países. A notícia é da CNN.
Às 14h13, o dólar caia 0,38%, cotado a R$ 5,634, após encerrar a última sessão em alta firme de 1,32%, negociada R$ 5,655.
No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, subia 0,35%, aos 134.777,17 mil pontos. Na terça-feira (10), o Ibovespa teve perda de 0,31%, aos 134.319 pontos, pressionado por quedas das maiores companhias da bolsa.
No cenário externo, os mercados globais digeriam o mais recente relatório de inflação ao consumidor dos EUA, que mostrou o núcleo dos preços acelerando na base mensal, consolidando as apostas de um ciclo de afrouxamento monetário gradual a ser iniciado pelo Federal Reserve na próxima semana.
Agentes financeiros também repercutiam o resultado do debate presidencial dos EUA na véspera, em que a candidata democrata, Kamala Harris, foi vista como tendo um melhor desempenho do que o candidato republicano, Donald Trump.
Mercado aquecido e juros
No Brasil, o mercado avaliava dados bem acima do esperado para o setor de serviços do país, que reforçaram a percepção de força da atividade econômica, alimentando expectativa de que o Banco Central deve elevar a taxa Selic em sua reunião da próxima semana.
Segundo o IBGE, o volume de serviços teve em julho avanço de 1,2% em relação a junho, resultado que ofuscou a expectativa em pesquisa da Reuters de um recuo de 0,1%, com o setor renovando seu patamar recorde.
Ainda estavam no radar comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou mais cedo que o governo revisará a projeção oficial para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 para pelo menos 3%.
Quanto mais a Selic subir, melhor para o dólar, em tese, uma vez que o aumento no diferencial de juros entre Brasil e países de divisas fortes, como os EUA, torna a moeda brasileira atrativa para investimentos.
Cenário externo
No entanto, alguns fatores externos impediam o real de obter frente ao dólar, à medida que os mercados globais avaliavam dados do núcleo de inflação dos EUA que vieram acima do esperado, reforçando a perspectiva de um afrouxamento monetário gradual no Federal Reserve a partir deste mês.
O Departamento de Trabalho informou que o núcleo do índice de preços ao consumidor teve alta de 0,3% em agosto na base mensal, ligeiramente acima dos 0,2% esperados por economistas consultados pela Reuters, ante avanço de 0,2% em julho. Em 12 meses, o núcleo do índice atingiu 3,2%, inalterado em relação ao mês anterior.
O resultado coloca em dúvida a visão difundida nos últimos meses de que a inflação nos EUA está sob controle e desacelerando gradualmente para a meta de 2% Fed, o que permitiria uma mudança no foco do banco central dos EUA para o esfriamento do mercado de trabalho.
Apesar da preocupação com a situação do emprego nos EUA os números de inflação desta quarta-feira consolidavam as apostas de um afrouxamento gradual por parte do Fed.
“O dado acaba consolidando a ideia de que um corte de juros de 50 pontos-base pelo Fed é muito improvável”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
“Isso deve mostrar que ainda há tempo para se fazer ajustes graduais da trajetória dos juros no país, e com isso consolida a ideia de que os juros não vão cair tão rápido quanto alguns temiam” completou.
Operadores colocavam 83% de chance de um corte de 25 pontos-base pelo banco central dos EUA na próxima semana, acima dos 71% antes dos dados. Eles veem ainda 106 pontos-base de reduções até o fim do ano.
Mais cedo, a moeda norte-americana enfraqueceu com a repercussão do debate presidencial dos EUA na véspera, em que a candidata democrata, Kamala Harris, foi vista como tendo um melhor desempenho do que o candidato republicano, Donald Trump, elevando as apostas na vitória da vice-presidente.
As propostas de Trump para economia, como a imposição de tarifas sobre importações e cortes de impostos extensos, são vistas como favoráveis ao dólar, uma vez que provocam a perspectiva de gastos fiscais maiores, aceleração da inflação e juros mais altos.
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