Catador de latinhas era “laranja” de grupo com patrimônio bilionário

20 de Outubro 2023 - 19h11

Donos de um patrimônio estimado em pelo menos R$ 1 bilhão, os proprietários do Grupo Melo, os “reis da sucata“, rede empresarial que deve mais de R$ 5 bilhões em tributos à União e que foi alvo da operação na quarta-feira (18/10), usavam uma série de artimanhas para evitar o pagamento de tributos e para lavar dinheiro. Uma delas era o emprego de “testas de ferro” que figuravam como sócio-administradores das empresas. Um catador de material reciclável foi escolhido para “assumir” uma das firmas.

Para desvincular o nome dos empresários da família de alguns dos negócios, os reais donos da fortuna passaram a arregimentar pessoas humildes como laranjas para que elas se responsabilizassem por empresas, contas bancárias e movimentações financeiras. O catador de latinhas nomeado para “gerir” um dos negócios já era conhecido dos reis da sucata e, depois de escolhido, abandonou a atividade humilde.

Especialista em driblar o fisco, a família de empresários desenvolveu um esquema sofisticado para não pagar impostos à Receita Federal. O império erguido pelos ricaços da sucata foi lapidado à custa de fraudes tributárias que utilizavam empresas de fachada abertas em vários pontos do estado do Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações, as empresas fantasmas não operavam de fato. Todas tinham laranjas na formação de seus quadros societários e, assim, camuflavam a presença dos empresários que tocavam os negócios fraudulentos. A PF suspeita que a família também mantenha dinheiro em bancos norte-americanos.

Os policiais federais também apuram a existência de uma aeronave entre o patrimônio milionário dos empresários. Durante as buscas, foram indisponibilizados legalmente mais de 40 imóveis, estipulados em cerca de R$ 38 milhões, além da apreensão de mais de 120 veículos, incluindo carros de luxo, um iate avaliado em R$ 14 milhões e dinheiro depositado em contas bancárias pertencentes aos envolvidos, ainda a ser quantificado.

Simultaneamente à operação, uma decisão judicial obtida pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional determinou o bloqueio de todos os bens do grupo empresarial para assegurar o pagamento da dívida tributária.

Os alvos da operação são acusados de cometer os crimes de sonegação de impostos, associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro, cujas penas máximas somam 23 anos de reclusão.

METRÓPOLES

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